O documento delineia sete pilares, cujo investimento é necessário para reforçar fundamentalmente as capacidades de defesa do país. O relatório disse que ¥ 43,5 trilhões (cerca de R$ 1,5 trilhão) serão necessários nos próximos cinco anos para atingir a meta — um aumento significativo de 17,2 trilhões de ienes, o mesmo que 585,7 bilhões de reais, no período de 2019 a 2023.
O desenvolvimento de mísseis stand-off (lançados do ar) com maior alcance, que o Japão acredita que permitiria "responder às forças opostas de uma distância segura sem ser atacado", é um dos principais pilares, com o aumento proposto de gastos para ¥ 5 trilhões (cerca de R$ 170,2 bilhões) de ¥ 200 bilhões (aproximadamente R$ 6,8 bilhões) no período anterior.
O relatório também está de olho em ¥ 3 trilhões (aproximadamente R$ 102,1 bilhões) para o fortalecimento dos sistemas de defesa antimísseis e de defesa aérea para proteger os céus de uma variedade de ameaças, em comparação com ¥ 1 trilhão (cerca de R$ 34,06 bilhões) no período de 2019 a 2023.
O documento também propõe um aumento de dez vezes nos gastos com o desenvolvimento de drones — de ¥ 100 bilhões (cerca de R$ 3,4 bilhões) para ¥ 1 trilhão.
Para garantir a segurança nos domínios do espaço e do ciberespaço, espera-se que os gastos com defesa aumentem de ¥ 3 trilhões para ¥ 8 trilhões (quase R$ 272,5 bilhões). Também é proposto aumentar os gastos para aprimorar as funções de comando e controle e relacionadas à inteligência de ¥ 300 bilhões (cerca de R$ 10,2 bilhões) para ¥ 2 trilhões (aproximadamente R$ 68,1 bilhões).
Fundos significativos estão planejados para serem alocados para manter e fortalecer as capacidades de defesa, incluindo ¥ 2 trilhões para munições, ¥ 9 trilhões (cerca de R$ 306,8 bilhões) para manutenção e reparos de equipamentos militares e ¥ 4 trilhões (aproximadamente R$ 136,3 bilhões) para fortalecer as instalações. Cerca de ¥ 1,4 trilhão (quase R$ 47,7 bilhões) também deve ser gasto no reforço do setor militar e industrial e na pesquisa de defesa e outros ¥ 6,6 trilhões (cerca de R$ 225,1 bilhões) para "outras necessidades".
O documento presta atenção significativa às "capacidades de contra-ataque" — "as capacidades que, no caso de ataques de mísseis por um oponente, permitem ao Japão montar contra-ataques eficazes contra o oponente para evitar novos ataques enquanto se defende contra mísseis por meio da rede de defesa antimísseis", para desencorajar o adversário e impedir ataques armados.
O Livro Branco do Japão vem à tona dias depois dos disparos de uma variedade de mísseis da Coreia do Norte na direção do mar do Japão (também conhecido como mar do Leste), provocando indignação entre os líderes regionais, além de soar alarmes nos Estados Unidos.
As tensões aumentaram recentemente depois que a Coreia do Sul prometeu trazer o "fim do regime da Coreia do Norte" caso Pyongyang realizasse um ataque nuclear contra Seul.
A observação veio logo depois que as autoridades norte-coreanas informaram que o envio de armas nucleares dos EUA para a região possivelmente seria motivo suficiente para usar suas próprias armas nucleares.
O documento de defesa afirma ainda que a Coreia do Norte já tem a capacidade de atacar o Japão com mísseis balísticos intercontinentais nucleares.
"Rápido progresso no desenvolvimento nuclear e de mísseis. Acredita-se que a Coreia do Norte tenha a capacidade de atacar o Japão com armas nucleares montadas em mísseis balísticos", dizia o relatório.
A Coreia do Norte lançou repetidamente mísseis balísticos que voam com trajetórias irregulares e mísseis que chama de "mísseis hipersônicos", e também está buscando a implementação de mísseis de cruzeiro de longo alcance com a intenção de montá-los com armas nucleares táticas.
Em outubro de 2022, Pyongyang lançou um míssil balístico que passou pelo Japão e também lançou repetidamente mísseis da classe ICBM, ou seja, balístico intercontinental. Tais atividades militares representam uma ameaça ainda mais grave e iminente à segurança nacional do Japão e prejudicam significativamente a paz, a estabilidade e a segurança da região e da comunidade internacional, acrescentou o relatório.
Em 2022, a Coreia do Norte tinha aproximadamente 20 ogivas nucleares, segundo o documento. Além disso, o relatório observa o desenvolvimento significativo da tecnologia de mísseis norte-coreana, em particular o desenvolvimento de mísseis balísticos capazes de percorrer distâncias em baixas altitudes e em trajetórias não padronizadas, bem como mísseis hipersônicos.