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Visita de Shoigu à Coreia do Norte: como foi e que significa para relações entre Moscou e Pyongyang?

A delegação militar russa, chefiada pelo ministro da Defesa Sergei Shoigu, chegou à Coreia do Norte na terça-feira (25) para participar das celebrações que marcam o 70º aniversário do fim das hostilidades na Guerra da Coreia.
Sputnik
No Aeroporto Internacional de Sunan, nos subúrbios de Pyongyang, foi realizada uma cerimônia oficial de recepção da delegação russa com a participação de uma companhia de guarda de honra do Exército Popular Coreano. A delegação foi recebida pelo ministro da Defesa da Coreia do Norte, general de exército Kang Sun-nam.

Programa da visita

O programa da visita de Sergei Shoigu à República Popular Democrática da Coreia (RPDC) foi muito preenchido. Além dos eventos cerimoniais, como a colocação de flores nos monumentos de Kim Il-sung e Kim Jong-il na Colina Mansu e a visita à casa-museu onde nasceu Kim Il-sung, em Mangyongde, ela foi uma ocasião para importantes conversas bilaterais.
Assim, Shoigu manteve conversações com seu homólogo norte-coreano Kang Sun-nam. Outra reunião importante ocorreu mais tarde – o ministro da Defesa russo se reuniu com o líder norte-coreano Kim Jong-un.
Shoigu enfatizou durante os encontros que a Coreia do Norte é um parceiro importante da Rússia e observou que a cooperação entre os dois países foi reforçada no período pós-guerra.
Mais tarde, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em vista de seu encontro, inspecionaram também mísseis balísticos intercontinentais da Coreia do Norte, assim como tanques, veículos blindados, drones e outros equipamentos militares.
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Kim Jong-un mostra a Shoigu novos drones semelhantes aos americanos (FOTOS)
Em meio à visita do ministro da Defesa russo à Coreia do Norte, Pyongyang fez um desfile militar na quinta-feira (27) com a presença de seu líder, Kim Jong-un, Shoigu e o membro do Politburo do Partido Comunista da China Li Hongzhong.
Kim, Shoigu e Li conversaram, riram e saudaram enquanto as tropas norte-coreanas marchavam e os armamentos passavam, segundo mostraram imagens transmitidas pela mídia estatal norte-coreana.
De acordo com a Reuters, o desfile contou com uma passagem de novos drones de ataque e espionagem e dos mais recentes mísseis balísticos intercontinentais Hwasong-17 e Hwasong-18 da Coreia do Norte.

Visita importante e 'um passo em frente'

De acordo com Aleksandr Zhebin, o pesquisador principal do Centro de Estudos Coreanos do Instituto da China e da Ásia Moderna, a visita do ministro da Defesa russo à RPDC é importante para as relações bilaterais entre Moscou e Pyongyang.

"A visita do ministro da Defesa russo a qualquer país é certamente importante. Muito mais a um país vizinho com o qual temos um Tratado de Amizade, Boa Vizinhança e Cooperação, a um país que, como a Rússia, também está sob sanções econômicas muito severas dos EUA e seus aliados, além das sanções do Conselho de Segurança da ONU", disse Zhebin à Sputnik.

Ele observou que a República Popular Democrática da Coreia é um dos poucos países a declarar que está "na mesma trincheira com a Rússia" no contexto da operação militar especial russa na Ucrânia.
O especialista acrescentou que Sergei Shoigu foi à Coreia do Norte não só para participar do desfile e de outros eventos solenes, mas também para discutir questões específicas e tanto da interação, talvez na arena internacional, como da sua "cooperação político-militar".
Assim, Zhebin acredita que a visita de Shoigu à RPDC contribuirá para a intensificação da cooperação entre Moscou e Pyongyang na esfera militar.
Além disso, como ressaltou ele, a Coreia do Norte apoia a Rússia na arena internacional, na ONU e em outros fóruns internacionais, mas no Oriente a participação mais ativa de Pyongyang seria mais racional.

"Mas no Extremo Oriente, onde se formam grupos antichineses e antirrussos, como a AUKUS e outros, a participação e coordenação com a RPDC parece-me mais racional e razoável do que envolver a Coreia do Norte em qualquer ação prática na Ucrânia", disse ele.

Significado simbólico e esperança de maior comunicação

De acordo com outro especialista, Oleg Davydov, pesquisador sênior do Grupo de Problemas Gerais da Região da Ásia-Pacífico do IMEMO da Academia das Ciências da Rússia e antigo enviado-conselheiro da Embaixada da Rússia na RPDC (2002-2006) e da Embaixada da Rússia na República da Coreia (2011-2016), a visita da delegação russa liderada pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu, foi a primeira visita de uma delegação de alto nível ao país norte-coreano em três anos e meio.
Ele lembrou que, desde janeiro de 2020, a RPDC esteve completamente isolada do mundo exterior, impondo medidas extraordinárias para evitar a penetração da COVID-19, por isso, a visita da delegação russa teve um significado simbólico para Pyongyang e Moscou.
Segundo ele, a nova situação é uma boa oportunidade para restaurar os laços bilaterais e os contatos reduzidos durante o período da COVID. O especialista chamou a atenção para o fato de que a delegação russa foi recebida ao mais alto nível, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, dedicou muita atenção pessoal a Shoigu.
Assim, segundo o especialista, embora Moscou e Pyongyang estejam interessadas em estabelecer laços militares, ainda existem algumas restrições formais relacionadas com o fato de a República Popular Democrática da Coreia estar sujeita a sanções internacionais extremamente rigorosas, embora legítimas, aprovadas anteriormente pelo Conselho de Segurança da ONU em conexão com o desenvolvimento do programa de mísseis nucleares de Pyongyang.

Falando sobre o desenvolvimento da cooperação entre Pyongyang e Moscou, Davydov disse: "A abertura gradual das fronteiras da Coreia do Norte dá esperança para uma certa intensificação das trocas e relações bilaterais".

De acordo com o especialista, a Rússia também está muito interessada em estabelecer um diálogo estratégico franco com a RPDC através das entidades de política externa.
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