O preço médio do petróleo bruto Urals atingiu US$ 64,37 (R$ 309,77) por barril em julho, superando o teto estabelecido pelo Ocidente que procurava limitar os rendimentos da Rússia e o seu potencial para financiar a operação militar especial na Ucrânia, informou na terça-feira (1º) o Ministério das Finanças russo.
A União Europeia (UE), o G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e a Austrália concordaram em dezembro do ano passado em estabelecer um teto de US$ 60 (R$ 288,74) por barril para o petróleo do país eurasiano. Desde a entrada em vigor da medida, as empresas dos países do G7 foram autorizadas a transportar petróleo bruto russo e conceder seguro apenas se o preço do hidrocarboneto Urals caísse abaixo do limite estabelecido.
O jornal russo Kommersant relata que, no início do ano passado, as petrolíferas russas já haviam começado a desviar suprimentos de petróleo Urals para a Ásia e a construir uma frota de petroleiros para esse fim, o que significava uma logística mais cara. A pressão das sanções e a falta de transparência nos preços, provocada pelo fato de as estimativas anteriores dos preços se basearem no mercado europeu para o qual já quase não era abastecido, levaram a um aumento do desconto do petróleo cru do tipo Brent.
No entanto, Moscou estabeleceu um desconto máximo para Urals em relação ao Brent, e a partir de setembro a redução não ultrapassará US$ 20 (R$ 96,25) por barril.
Ao mesmo tempo, a Arábia Saudita decidiu cortar voluntariamente sua produção de petróleo em um milhão de barris por dia em julho e agosto, enquanto a Rússia começou neste mês a reduzir suas exportações em 500 mil barris por dia. Segundo o jornal, estas decisões provocaram uma subida dos preços do Brent e uma redução da diferença de preços entre os petróleos brutos de médio e baixo teor de enxofre, o que contribuiu para a recuperação do Urals.
Além disso, o limite estabelecido pelo Ocidente levou à formação da frota russa dos chamados "tanques-sombra". No segundo trimestre deste ano, o número de navios-tanque trabalhando com produtores sancionados quintuplicou, em comparação com o número de embarcações existentes no final de 2021, segundo estimativas da empresa de monitoramento Vortexa. Quase 80% desses navios apareceram no mercado russo.
O chefe de análise de oferta de petróleo bruto da Kpler, Viktor Katona, disse ao Kommersant que o aumento nos preços do Urals se deve aos preços de frete mais baixos, custos de petróleo mais altos e menor oferta devido aos cortes anunciados.
Neste contexto, as empresas de petróleo e gás dos Estados Unidos e da Europa estão perdendo lucros. ExxonMobil, Chevron, Shell, TotalEnergies, Equinor e Eni relataram quedas em seus lucros no segundo trimestre deste ano, em aproximadamente 50% em relação aos níveis recordes registrados no mesmo período de 2022, informa o Financial Times (FT).
"Acho que não vamos voltar aos [níveis de 2022]", disse o CEO da Eni, Claudio Descalzi, ao jornal.