A Sputnik conversou com um economista e especialista em finanças para obter informações sobre o que realmente está acontecendo nos bastidores.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, qualificou a decisão da Fitch como "arbitrária", assegurando que o rebaixamento não altera o status dos títulos do Tesouro dos EUA como "o ativo mais preeminente, seguro e líquido do mundo", ou a "força fundamental" da economia dos EUA.
Analistas alertaram que o impacto de longo prazo do rebaixamento da notação poderia incluir o aumento dos custos dos empréstimos para manter em ordem a gigantesca dívida nacional de US$ 32,7 trilhões (R$ 158,7 trilhões) do país, que está perto de exceder a dívida combinada dos quatro principais países devedores seguintes (todos eles países do G7).
O rebaixamento não é algo inesperado se olharmos para as características da atual economia dos EUA, disse à Sputnik o dr. Rodney Shakespeare, renomado economista, autor e comentarista político.
"Os problemas que provocam o rebaixamento incluem a) níveis de dívida terríveis e crescentes, b) a crescente conscientização de que a pirâmide invertida dos derivativos é uma 'arma de destruição financeira em massa', c) a inflação e aumento das taxas de juro para combater a inflação, d) a incapacidade de resolver problemas sociais e de infraestrutura, e) a perda de empregos permanentes e a ascensão da economia gig [economia sob demanda]", explicou Shakespeare.
O especialista acredita que o drama em torno das acusações contra o ex-presidente Donald Trump, que "poderia empurrar uma América já dividida para um colapso político e social", além da "crescente consciência" do "desastre da política externa" na Ucrânia, também ajudam a explicar a decisão da Fitch.
"O reconhecimento das ações agressivas da OTAN ao longo de 25 anos e as implicações das sanções à Rússia sobre o sistema global se combinaram com a grande mudança global de um mundo unipolar para um mundo multipolar [e serviram] para abalar os analistas da Fitch. Por todo o mundo, os países estão planejando, de alguma forma, romper com o aperto brutal do dólar dos EUA. Os analistas estão tendo um momento 'Oh meu Deus!' em que reconhecem que a situação está mudando para pior diante os seus olhos", disse Shakespeare.
O economista não espera que Washington ouça a advertência da Fitch para mudar sua política monetária fiscal. O aviso "alertará o resto do mundo para o desastre em curso no qual os EUA estão rapidamente se tornando".