Falta de munição
Uma parte significativa dos fundos será gasta em munições de vários tipos e calibres. Em particular, o regime de Kiev receberá um número não identificado de mísseis superfície-ar (SAM, na sigla em inglês) para os sistemas de defesa antiaérea NASAMS e Patriot.
O custo de cada míssil é de US$ 1 milhão (R$ 4,87 milhão) e US$ 4-5 milhões (R$ 19,49- 24,37 milhões), respectivamente. Os modestos resultados da defesa aérea ucraniana em repelir os recentes ataques de mísseis em Odessa e Nikolaev testemunham a escassez de tais mísseis e o rápido esgotamento dos estoques.
Por sua vez, os projéteis de artilharia de 105 e 155 milímetros estão incluídos em cada pacote de ajuda. É provável que uma parte significativa sejam munições de fragmentação, isto porque as convencionais não são suficientes para a própria OTAN.
Temos um ponto curioso: 28 milhões de cartuchos de munição. Eles são fornecidos pela quinta vez. Desde o verão foram mais de 130 milhões. Isto é bastante mais do que antes.
Aparentemente, as Forças Armadas da Ucrânia têm escassez de munição de calibres da OTAN. Não há alternativa, porque a Ucrânia não produz munição.
Há vários meses que o Pentágono vem distribuindo mísseis antitanque Javelin e TOW, mísseis de defesa aérea Stinger e seus acessórios dos arsenais do Exército. Ou seja, muito provavelmente, os antigos estoques se esgotaram. Isso é bastante doloroso para os militares - o complexo militar-industrial não é capaz de repor o que está faltando em um curto período de tempo.
Mover reservas
Um segundo ponto - 32 veículos blindados Stryker. As forças ucranianas já receberam cerca de 120 carros desse tipo. O Stryker é um dos azarões do conflito. O comando ucraniano raramente usou esses veículos blindados em combate e suas perdas durante a ofensiva foram poucas.
Parece que o Estado-Maior das FA da Ucrânia está fazendo uma aposta especial nesse equipamento. Ele está economizando e estocando-o para o usar em determinadas missões especiais.
No Exército americano, os veículos Stryker são destinados a brigadas mecanizadas, intermediários entre unidades blindadas armadas com tanques Abrams e Bradley, e a infantaria em veículos blindados Humvee. Esses veículos são muito rápidos (até 97 quilômetros por hora na rodovia), com um compartimento espaçoso para o pessoal - nove soldados com todo o equipamento. A blindagem suporta uma explosão equivalente a um projétil de 152 mm e protege contra fogo de armas ligeiras.
As principais desvantagens são as grandes dimensões, a vulnerabilidade do chassi com rodas e a baixa capacidade de cross-country na lama. O veículo também é fracamente armado, tendo apenas uma metralhadora de 12,7 milímetros ou um lançador de granadas automático de 40 milímetros. Em comparação, o análogo russo BTR-82A é equipado com um canhão automático 2A72 de 30 mm em um módulo com controle remoto.
De acordo com analistas, as Forças Armadas da Ucrânia esperam usar os estoques na segunda fase da ofensiva na direção de Zaporozhie, se as unidades de assalto superarem as linhas da defesa russa. A alta velocidade e capacidade do veículo permitirão à infantaria entrar rapidamente na brecha e garantir novas posições. Mas, até agora, a frente quase não se moveu.
Tanques antigos
No final de julho, alguns meios de comunicação americanos informaram, citando fontes, que os tanques Abrams chegariam à Ucrânia em setembro. Estamos falando de um pequeno lote de três a cinco veículos, que, além disso, devem primeiro ser reparados na Alemanha. À medida que os ucranianos os dominarem, as entregas aumentarão. No total, Washington prometeu 32 tanques. E não são os mais modernos.
Ao contrário do que se esperava, Kiev deve receber o tanque M1A1 Abrams mais antigo, que tem eletrônicos menos avançados do que seu sucessor, o M1A2. Esta modificação foi relevante durante a Guerra Fria e a operação Tempestade no Deserto. Resta saber em que condições esse equipamento se encontra.
Além disso, a blindagem dos primeiros Abrams é resistente às armas antitanque da segunda metade da década de 1980. Desde então, o setor de defesa russo desenvolveu um amplo conjunto de armas que podem destruir equipamentos ainda mais modernos.
Assim, as tropas ucranianas receberão equipamentos bastante simplificados. Sem placas de blindagem de urânio na parte frontal, modernos termovisores e de visão noturna, bem como equipamentos de informação. Na verdade, estas são as armas de meados da década de 1980, cujo rival direto era o T-72B soviético.
Hoje, no entanto, a Rússia tem os muito mais avançados tanques T-72B3M, T-80UBM e T-90M, que são superiores ao M1A1 em suas principais características de combate.
Mas mesmo um veículo obsoleto pode ser muito eficaz se for usado corretamente. Por exemplo, os antigos T-62 revelaram ser bons obuseiros móveis blindados, atacando de posições fechadas. E há uma grande quantidade deles para influenciar a situação, o que não é o caso das três dúzias de veículos dos tempos de Ronald Reagan.