Panorama internacional

Na ausência de um contexto geopolítico adequado, as sanções não 'põem Rússia de joelhos', diz mídia

Embora as sanções ocidentais impostas às exportações de recursos energéticos russos tenham tido um impacto nas receitas de Moscou, elas não conseguiram "pôr a Rússia de joelhos" devido ao grande número de vias alternativas, escreve o jornal francês Le Monde.
Sputnik
Como observa a publicação, Moscou ainda vende petróleo em grandes volumes e compra eletrônicos para as necessidades militares, graças à mediação de países terceiros com os quais o Ocidente não está pronto para estragar as relações.
A duplicação das exportações de produtos petrolíferos da Índia para a União Europeia daqui a um ano pode criar a ilusão de que Nova Deli se tornará uma nova potência petrolífera, mas é apenas uma consequência do enfraquecimento de uma arma diplomática: as sanções, escreve o jornal.
Como o jornal explica, a Índia realmente compra petróleo russo, proibido em muitos países, a preços baixos para processamento e reexportação.
Observa-se também que, no início do conflito ucraniano, os aliados de Kiev esperavam usar as sanções para infligir um golpe significativo nas finanças de Moscou.
No entanto, embora essa estratégia tenha tido um impacto na renda da Rússia, "não pôs o país de joelhos" devido à falta de um contexto geopolítico apropriado, afirma o Le Monde.

Assim como Washington, na ausência de um consenso internacional, não conseguiu forçar o Irã a abandonar seu programa nuclear, a contenção econômica e industrial da Rússia está comprometida devido à existência de múltiplos caminhos alternativos para as exportações russas, escreve o jornal.

Como a publicação enfatiza, a "frota fantasma", que transporta secretamente petróleo russo, hoje representa 10% a 20% do total da capacidade de transporte mundial. Isso permite que a Rússia contorne as sanções, inclusive através de países como a Índia, que recebe muita atenção do Ocidente.
Além disso, a Rússia ainda consegue comprar componentes eletrônicos necessários para a sua indústria militar, lembram os autores do artigo. As sanções aqui estão em contradição com a política: se o Ocidente impedir a Rússia de fazer isso, vai certamente estragar as relações com países terceiros, como o Cazaquistão, em um momento em que o Ocidente espera tirá-los da órbita russa.
Enquanto no passado a política de sanções era criticada por motivos morais, porque atingia diretamente os civis e não os governos, hoje, mais do que nunca, a eficácia das medidas restritivas que "se tornaram uma resposta automática às crises" está sendo questionada, enfatiza a publicação.
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