Destinadas a infligir um duro golpe à economia russa, as sanções ocidentais tiveram como um dos efeitos enfraquecer as empresas europeias.
"As perdas econômicas sofridas por muitas empresas europeias eram até certo ponto previstas", disse à Sputnik Gunnar Beck, deputado do Parlamento Europeu pelo partido Alternativa para a Alemanha. "Acho que a imposição de sanções, como ferramenta de política externa, é sempre um processo muito dispendioso. Mas acho que as percepções por parte de muitos governos europeus estavam equivocadas em vários aspetos".
"O que não estava previsto era que as sanções prejudicariam muitas empresas da UE e muitos países da UE muito mais do que a Rússia. Penso que isso foi uma surpresa. E isso está relacionado com o segundo ponto que eu gostaria de referir. Ou seja, acho que os governos europeus provavelmente desconheciam ou ignoraram propositadamente o fato de que o governo russo estava relativamente bem preparado em termos de moeda estrangeira e reservas de ouro", explicou o político alemão.
Desde fevereiro de 2022, as empresas ocidentais cessaram em massa suas operações na Rússia sob a pressão de sanções. O Financial Times realizou uma pesquisa que indicou que 176 dos 600 relatórios financeiros das empresas mostram que elas sofreram perdas no balanço quando correram para vender, fechar ou reduzir seus negócios na Rússia. Além disso, a Rússia costumava ser um fornecedor de recursos energéticos relativamente baratos, o que garantia a competitividade das empresas europeias no cenário mundial.
É difícil dizer o que poderá forçar os europeus a rever a sua estratégia econômica e política e a fazer uma inversão de marcha, de acordo com o eurodeputado. Beck acredita que agora é muito cedo para dizer algo com grau de certeza. No entanto, é claro que a Europa está se prejudicando a si mesma e, caminhando para uma profunda crise econômica, a instabilidade política provavelmente se seguirá, concluiu ele.