Tudo isso faz olhar sem otimismo para as perspectivas do contra-ataque ucraniano e, no melhor dos casos, esperar um congelamento do conflito, observa o especialista militar.
Durante a primeira semana da contraofensiva, os militares ucranianos perderam 20% dos tanques fornecidos pelos países ocidentais, disse ele. Desde então, as Forças Armadas da Ucrânia mudaram suas táticas de combate, preferindo ataques de artilharia maciços enviando unidades de infantaria para penetrar nas posições russas.
A ideia geral é abrir uma brecha que possa ser usada com unidades mecanizadas, explica Housen. No entanto, segundo ele, a tática não funciona no momento.
A primeira linha de defesa russa ainda está se mantendo. Além disso, o lado russo às vezes tem cinco linhas de proteções que se estendem de 30 a 40 km em profundidade. Segundo o especialista, desde o início da contraofensiva os ucranianos ganharam cerca de 1/500 do território conquistado pelas tropas russas.
"A questão que se coloca hoje é a de saber qual dos dois lados será capaz de aguentar o atual ritmo de desgaste", pensa Roger Housen.
Além disso, de acordo com ele, a artilharia ucraniana usa 8.000 projéteis por dia, o que é um terço da produção mensal nos EUA. Isso é também agravado por enormes perdas humanas e leva ao receio de haver uma escassez de munição e de reservistas no Exército ucraniano até o outono europeu.
Por sua vez, a Rússia, como observa o especialista belga, está saindo desta situação com uma vantagem tripla: sua população é três vezes maior que a ucraniana, 230 mil novos militares foram recrutados desde o início do ano e, finalmente, a economia russa está se mantendo melhor do que o esperado.
Se os preços do petróleo e do gás não caírem, a Rússia pode se manter por mais dois ou três anos com o ritmo atual, enquanto a Ucrânia depende de apoio ocidental que pode um dia acabar, sublinhou o autor do artigo.
Ao mesmo tempo, nos EUA o apoio público à assistência militar a Kiev está começando a diminuir. Além disso, o Ocidente continua a enfrentar a fraqueza da capacidade de sua indústria militar.
"Tudo isso em conjunto leva-me a dizer que as perspectivas para a Ucrânia não são muito favoráveis. Na melhor das hipóteses, vamos para um status quo ou um conflito congelado. Nenhum dos lados conseguirá uma vitória decisiva em 2023 ou 2024", enfatizou Housen.