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Por que os mísseis Starstreak britânicos não são a 'arma maravilha' da Ucrânia?

Os mísseis superfície-ar britânicos de curto alcance, que podem ser usados como sistemas portáteis de defesa antiaérea, têm sido destacados na mídia ocidental como muito eficazes contra alvos russos. Será que esses relatos correspondem à realidade?
Sputnik
Os Starstreak, também conhecidos como mísseis de alta velocidade (HVM, na sigla em inglês), têm sido usados pelas Forças Armadas da Ucrânia desde o início do conflito e são amplamente aclamados pela imprensa ocidental.
No entanto, os observadores militares russos argumentam que o sistema de mísseis britânico foi elogiado em demasia.
"O [Starstreak] está longe de ser uma 'arma maravilha' que poderia resolver todos os problemas e preencher as lacunas das Forças Armadas ucranianas", disse Andrei Koshkin, um experiente acadêmico russo especializado em assuntos militares e internacionais, à Sputnik.
A Sputnik apresenta alguns fatos sobre esta arma.

Como funciona o Starstreak?

O Starstreak é um míssil superfície-ar de curto alcance que pode ser usado como um sistema de defesa antiaérea portátil (MANPAD, na sigla em inglês) ou integrado a lançadores múltiplos leves (LML) que carregam três projéteis. O Starstreak também pode ser montado na plataforma do veículo blindado Alvis Stormer, o que o converte em um sistema móvel de defesa aérea de curto alcance.
A arma consiste em três dardos de liga de tungstênio e um transportador acionado por um motor de foguete. Uma vez liberados do transportador, os dardos aceleram a mais de Mach 3. A velocidade dos dardos permite que o Starstreak penetre em alvos fortemente blindados. Uma vez atingido o alvo, os dardos explodem.
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O Starstreak é usado para atacar aviões de asa fixa, helicópteros e outras aeronaves, como veículos aéreos não tripulados. O próprio míssil tem um alcance de até 7 km, pode atingir uma velocidade de Mach 3 (cerca de 3.675 km/h), a uma altitude máxima de um quilômetro.
O feixe de laser do sistema de controle de fogo guia o míssil para garantir uma precisão excepcional, sendo totalmente impossível interferir em sua operação, segundo o fabricante.
O Starstreak é usado pelo Exército Britânico desde 1997, sendo fabricado pela montadora Thales Air Defence (antiga Shorts Missile Systems) em Belfast, Irlanda do Norte, Reino Unido.
No entanto, em 2012, a montadora interrompeu a produção, supostamente porque passou a fabricar mísseis multifuncionais leves (LMM, na sigla em inglês) para o helicóptero de combate Wildcat Lynx da Marinha Real do Reino Unido.

Quais são suas vantagens e desvantagens?

"Um sistema de defesa antiaérea portátil é uma invenção militar que deve ser caracterizada por parâmetros como altitude, alcance e eficácia de impacto no alvo", afirma Andrei Koshkin.
Ele destacou que, com sua velocidade "extremamente alta" e a liberação de três dardos na direção do alvo, isso aumenta muito as probabilidades de este ser atingido.
Além disso, o sistema pode ser montado em veículos blindados, plataformas ferroviárias e todos os tipos de navios. Na opinião do especialista, o Starstreak, com seu alcance e alta velocidade, parece ter vantagens sobre os outros MANPADS ocidentais.
Sistema de mísseis Starstreak LML na fábrica de armas da Thales Air Defence em Belfast, Irlanda do Norte, Reino Unido, 16 de maio de 2022
No entanto, Andrei Koshkin refere que o sistema de mísseis requer um operador para "dirigir" o míssil durante todo o processo, usando a unidade de mira, que projeta dois feixes de laser no alvo, enquanto os sensores do míssil calculam as posições relativas até o impacto. Enquanto isso, os outros MANPADS operam principalmente no princípio "dispare e esqueça".
"Isso, é claro, complica o trabalho do operador. O princípio 'dispare e esqueça' significa que [o operador] dispara e depois pula na trincheira para salvar sua vida. Porquê? Porque, quando o míssil é lançado, a localização do operador pode ser detectada imediatamente. Ora [no caso do Starstreak], você precisa disparar e depois manter o alvo na mira até o momento do impacto", explicou Koshkin, acrescentando que o céu sobre o campo de batalha está quase sempre nebuloso, o que reduz as chances de acertar.
Outro fator é o seu custo. As fontes abertas indicam que ele custa mais do que o famoso Stinger, variando entre US$ 127.000 (R$ 623.279) e US$ 168.740 (R$ 828.127), enquanto o último custa cerca de US$ 119.000 (R$ 584.018). Tal significa que o operador não pode desperdiçar os mísseis britânicos em um grande número de drones mais baratos na zona de combate, sublinha Koshkin.

O Starstreak provou sua eficácia na Ucrânia?

Apesar de ser elogiada como uma "arma maravilha", o Starstreak não atraiu atenção no campo de batalha ucraniano até agora, comenta o especialista.
Ele menciona que especialistas militares britânicos citados na imprensa ocidental têm afirmado que os mísseis são usados com sucesso na Ucrânia contra aeronaves não tripuladas e até mesmo contra helicópteros russos.
No entanto, não há estatísticas confiáveis que mostrem que o Starstreak "superou" outros sistemas de mísseis portáteis em uso pelas forças de Kiev, e mesmo as imagens para esse efeito que se seguiram ao anúncio do suprimento das variantes "de última geração" desses mísseis, em abril de 2022, eram de qualidade muito ruim, não permitindo identificar o alvo nem a arma usada para abatê-lo.
Relatos não corroborados dizem que o suposto sucesso do Starstreak se deveu a um acordo secreto entre os militares ucranianos e britânicos para atribuir a maioria dos lançamentos de mísseis bem-sucedidos ao Starstreak e assim fazer propaganda da arma "em troca" de suprimentos.
As publicações russas especializadas em análise militar não veem as capacidades reais dos MANPADS britânicos modernos como sendo tão impressionantes. Em condições de campo de batalha, o peculiar sistema de orientação do Starstreak se mostrou inútil, particularmente devido à necessidade de controle manual por parte do operador.
"Temos armas que não são inferiores e, em alguns aspectos, até superam as de todas as forças armadas do mundo inteiro", comentou Koshkin.
"Estou falando de mísseis hipersônicos e armas de guerra radioeletrônica. Por isso, não se pode dizer que os britânicos possuem uma 'arma maravilha' capaz de resolver os problemas criados pela aviação russa", disse.
O especialista ressalta que a Rússia sempre terá os meios de defesa para "responder" a seus rivais, e que os fabricantes de armas russos têm cartas suficientes na manga para competir com o complexo militar-industrial ocidental.
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