Os drones da Rússia com empenagem dupla em forma de X provaram ser fundamentais para debilitar a contraofensiva da Ucrânia, a ponto de até mesmo o braço de propaganda do Departamento de Estado dos EUA e membros do governo do presidente ucraniano Vladimir Zelensky serem forçados a admitir isso.
"Ouvi relatos dos militares sobre os problemas criados pelos veículos aéreos não tripulados russos para nossas forças, em particular o drone de ataque Lancet e o drone de reconhecimento Orlan. Esta é uma ameaça que não podemos ignorar", disse um assessor de Zelensky na terça-feira (15).
Por isso, Kiev está entregando aos seus parceiros ocidentais todas as informações que pode coletar sobre os drones russos, acrescentou o funcionário.
Estes drones, distinguíveis por sua empenagem em forma de X, vêm em várias configurações, incluindo o Izdelie-5, também conhecido como Lancet-3, um drone de 12 kg com uma grande asa em forma de X e uma pequena asa estabilizadora traseira também em forma de X. O Izdelie-52 (Lancet-1) é uma versão miniaturizada do drone com um peso de decolagem de 5 kg e a capacidade de realizar um "mergulho" quase vertical.
O que é o Izdelie-53?
Esta semana, na exposição militar EXÉRCITO 2023, os fabricantes russos de drones revelaram uma série de novos veículos aéreos. Entre eles está o Izdelie-53, também chamado de Z-53, uma munição vagante de nova geração, desenvolvida pela empresa Aeroscan, afiliada da ZALA Aero, sendo o próximo passo na evolução do Lancet.
Capazes de transportar uma carga útil de até cinco quilogramas, os drones são projetados para voar em grupos e se comunicar uns com os outros para buscar e designar alvos terrestres, desde instalações de artilharia antiaérea e de foguetes inimigos até fortificações ou veículos militares.
Ao contrário dos drones Lancet da geração atual, que são lançados a partir de um trilho pneumático especial, os Z-53 serão lançados a partir de pequenos tubos terrestres, semelhantes em configuração a morteiros.
O que é a guerra centrada em rede?
Os desenvolvedores dizem que seu novo drone é baseado nos princípios da guerra centrada em rede – um conceito que permite um enxame de drones kamikaze unidos por uma única rede neural operar em coordenação uns com os outros.
Mais amplamente falando, a guerra centrada em rede é uma doutrina militar intensiva em recursos que visa traduzir a vantagem informacional dos exércitos, obtida através do uso efetivo de comunicações, redes e sensores avançados, em uma vantagem no campo de batalha. Tal permite uma melhoria da percepção situacional, implementação mais rápida dos comandos, implantação, fogo, por um lado, e sobrevivência, por outro.
O novo Lancet pode ser abatido?
"A principal ideia sobre estes drones é sua facilidade de uso e autonomia quase completa em relação a qualquer meio de neutralização. Ou seja, será quase impossível lutar contra eles", disse o projetista-chefe da ZALA Aero, Aleksandr Zakharov, à TV russa no mês passado.
O projetista revelou que o Z-53 não pode ser suprimido usando meios de guerra eletrônica inimiga, uma vez que seu circuito de computação principal está a bordo e é capaz de realizar operações de forma independente.
Além disso, de acordo com Zakharov, caso um drone Izdelie-53 seja capturado e seu interior analisado, isso não deve permitir que o inimigo descubra seus segredos, devido a "vários graus de proteção e permissões de segurança".
O designer observou que este veículo aéreo não tripulado já passou por uma série de testes de combate. E isso significa que não importa quantas dezenas de bilhões de dólares em equipamentos militares adicionais a OTAN dê à Ucrânia para a guerra por procuração contra a Rússia, os militares russos terão sempre a capacidade de destruí-los.