"Desta forma, as perspectivas de negociações entre a Rússia e o Ocidente não são visíveis agora. Além disso, os patrocinadores ocidentais estão constantemente pressionando o regime de Kiev para aumentar as apostas. Entretanto nós consideramos os apelos hipócritas dos ocidentais a negociações como uma manobra tática para ganhar tempo mais uma vez, dar às tropas ucranianas exaustas uma pausa e a oportunidade de se reagrupar, reabastecê-las novamente com armas e munições. Mas este é um caminho de guerra e não de um acordo de paz. Isso é muito claro para nós", disse Lavrov.
Segundo ele, em várias cidades, em particular em Copenhague e Jidá, são realizadas reuniões multilaterais sem o convite de representantes russos. De acordo com o ministro, isso está acontecendo "na esperança de persuadir os países em desenvolvimento a apoiar a 'fórmula de paz' de Zelensky".
"Ao mesmo tempo, Moscou é acusada de 'falta de vontade de participar das negociações', e quaisquer argumentos sobre a necessidade de levar em conta os interesses vitais do nosso país são logo descartados. Compreensivelmente, tal abordagem não indica a intenção do Ocidente de negociar com a Rússia", ressaltou o chanceler.
Pessoas com visões de mundo racistas estão atualmente "no comando" dos países ocidentais, e é difícil para eles aceitar a multipolaridade.
"No Ocidente agora 'no comando' estão tais pessoas como [o chefe da política externa da União Europeia] Josep Borrell, que dividem o mundo em seu 'jardim florescente' e 'selva', onde, na opinião deles, vive a maior parte da humanidade. Com essa, não terei medo desta palavra, visão do mundo racista, claro que é difícil conformar-se com a chegada da multipolaridade", observou Lavrov.
Segundo ele, hoje poucos negam que "os americanos e seus satélites estão tentando desacelerar, se não inverter, a evolução natural das relações internacionais no contexto da formação de um sistema multipolar". A este respeito, Lavrov ressaltou que os EUA e seus aliados consideram possível "curvar o mundo inteiro às suas necessidades", inclusive através do uso da força, bem como usando sanções unilaterais, não aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU.
"O que mais os assusta, em primeiro lugar, é a perspectiva de perder a capacidade de parasitar o resto do mundo, garantindo assim para si um crescimento econômico mais avançado às custas dos outros", explicou chanceler russo.
Rússia considera possível e necessário evitar um confronto militar entre as potências nucleares, que os EUA e a OTAN estão arriscando ao levar o conflito ucraniano a uma escalada cada vez maior, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
"Os EUA e países da OTAN correm o risco de ficar em uma situação de confronto armado direto entre potências nucleares. Acreditamos que tal desenvolvimento deve e pode ser evitado", enfatizou ele.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia destacou as prioridades de Moscou no atual processo geopolítico. "A Rússia moderna vê sua missão em manter um equilíbrio global de interesses e construir uma arquitetura mais equitativa das relações internacionais", disse ele.