Em entrevista ao Nikkei Asia, o ministro britânico de Energia Nuclear e Redes, Andrew Bowie, disse que o Reino Unido está "absolutamente comprometido" em impulsionar a energia nuclear como uma fonte de energia chave.
"O governo britânico está absolutamente comprometido com a nova energia nuclear, após cerca de três décadas de subinvestimento. Estamos reinvestindo e revigorando uma indústria que não recebeu a atenção que deveria no Reino Unido", disse a autoridade acrescentando que "no geral, estamos abertos a investidores do exterior".
A maioria das usinas nucleares existentes em território britânico será desativada até o final desta década, enquanto uma nova geração de reatores ainda está em construção, de acordo com a Associação Nuclear Mundial, um órgão industrial global.
O país pretende obter 25% de sua eletricidade a partir da energia nuclear até 2050, contra cerca de 15% no ano passado. As energias renováveis e os combustíveis fósseis representam agora cerca de 40% cada.
Contudo, Bowie destaca que haveria "certas regras" em torno de novos investimentos que excluiriam investidores russos e outros, com "obviamente ressalvas em relação às implicações de segurança nacional", afirmou. Dentro desses "outros" estariam os chineses, que causam "preocupações" nos britânicos por seus investimentos em novas usinas.
Por exemplo, a estatal chinesa CGN inicialmente detinha uma participação de 20% na usina nuclear Sizewell C, que, espera-se, gerará eletricidade suficiente para abastecer seis milhões de residências.
O projeto é liderado pelo grupo de energia estatal francês EDF. Mas o governo decidiu no ano passado comprar de volta a participação da CGN, optando por investir no próprio projeto e controlar a usina em conjunto com a EDF, já que os legisladores levantaram preocupações sobre o envolvimento chinês na infraestrutura crítica britânica.
O governo está autorizado a fiscalizar e intervir em investimentos estrangeiros e aquisições no setor nuclear, uma área "sensível" da economia que potencialmente afeta a segurança nacional, de acordo com uma lei promulgada no ano passado.
Embora haja historicamente "forte apoio político entre os dois principais partidos políticos" para a energia nuclear, o apoio público ao governo conservador está enfraquecendo à medida que questões como seu apoio à perfuração de petróleo e gás no mar do Norte geram polêmica.
"O pêndulo oscilou na política nuclear britânica", acrescentou Bowie.
Andrew Bowie se tornou o "primeiro-ministro nuclear" do Reino Unido em fevereiro, destacando o compromisso do país em impulsionar o setor.