Baerbock também afirmou que a experiência da Austrália com as proibições comerciais impostas por Pequim influenciou a mudança da política da Alemanha em relação à China. As declarações da chanceler aconteceram durante seu discurso no think tank Lowy Institute, na Austrália, nesta terça-feira (22) segundo a Reuters.
"A China mudou e é por isso que nossa política em relação à China também precisa mudar", disse a chanceler acrescentando que embora Pequim seja parceira em mudanças climáticas, comércio e investimento, ela é "uma rival quando se trata dos próprios fundamentos de como vivemos juntos neste mundo", disse ela.
Ao mesmo tempo, a ministra de Relações Exteriores alemã declarou que várias nações estão se voltando para o país asiático porque não têm alternativas, e Berlim quer mudar isso.
"Aprendemos dolorosamente o quão vulneráveis nossas dependências unilaterais das importações russas de energia nos tornaram. Não queremos repetir esse erro. [...] O que vemos é o surgimento de um mundo de crescente rivalidade sistêmica, no qual alguns regimes autocráticos procuram dobrar a ordem internacional para aumentar suas esferas de influência, usando não apenas poderio militar, mas também influência econômica", afirmou.
Baerbock também declarou que a Alemanha queria estabelecer o fornecimento direto de terras raras e lítio extraído na Austrália, mas o "desvio arriscado" que a maior parte do lítio australiano fazia para ser processado na China precisava ser reduzido: "A mineração e o processamento são geopolíticos", disse.
Camberra, que produz metade do lítio do mundo, está buscando investimentos estrangeiros para estabelecer o processamento local, mas também bloqueou dois investimentos chineses em empresas de terras raras neste ano.
Destacando a importância econômica do Indo-Pacífico para a Europa, Baerbock disse que metade de todos os navios porta-contêineres passa pelo estreito de Taiwan.
"Qualquer mudança unilateral no status quo no estreito de Taiwan seria inaceitável, ainda mais se incluísse meios coercivos ou militares", acrescentou.
Berlim participou dos exercícios militares Talisman Sabre de 13 nações na Austrália no mês passado e abriu sua primeira embaixada nas illhas do Pacífico em Fiji no sábado (19).