Cúpula do BRICS 2023

Cúpula do BRICS: 'Brasil não contempla fórmulas unilaterais para a paz' na Ucrânia, diz Lula (VÍDEO)

Nesta quarta-feira (23), o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva discursa no 2º dia da 15ª Cúpula do BRICS em Joanesburgo.
Sputnik
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu discurso aos membros do BRICS na 15ª Cúpula, após saudá-los para um dia importante de discussões para o bloco, relacionou em seu discurso a busca pela paz como um imperativo para se alcançar um desenvolvimento sustentável.
Endereçando atenção especial ao conflito ucraniano, Lula afirmou que "não subestimamos as dificuldades de alcançar a paz". Para o presidente, o grupo que hoje representa 41% da população mundial e 31% do Produto Interno Bruto (PIB) global em paridade do poder de compra (PPC) tem desafios que ainda remontam a Guerra Fria e corroem o multilateralismo.
"Não podemos nos furtar em tratar o principal conflito da atualidade que ocorre na Ucrânia e tem efeitos globais [...]. O Brasil não contempla fórmulas unilaterais para a paz. Estamos prontos para nos juntar a um esforço que possa efetivamente contribuir para um pronto cessar-fogo [na Ucrânia] e uma paz justa e duradoura", explicou o presidente.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa para os Estados-membros, delegações e convidados da 15ª Cúpula do BRICS em Joanesburgo, África do Sul, 23 de agosto de 2023
Segundo Lula, o conflito conflagrado na Ucrânia — cujas negociações de paz têm sido discutidas pelo bloco levando em conta as contribuições da China, África do Sul e do próprio Brasil — afeta pessoas ao redor do mundo de formas desproporcionais e demonstra na prática a ineficiência do Conselho de Segurança da ONU (SCNU).
"É inaceitável que os gastos militares globais, em um único ano ultrapassem US$ 2 trilhões [cerca de R$ 9,8 trilhões] enquanto a FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura] 735 milhões de pessoas passam fome todos os dias no mundo".
Lula abordou ainda a importância das lideranças femininas ao redor do mundo e se disse entristecido quando, em seu terceiro mandato, acessou dados internacionais sobre os retrocessos vividos pelo mundo nas últimas décadas nas pautas ambientais e instou aos países centrais para não "terceirizar as responsabilidades climáticas ao Sul Global".
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"Nossos recursos não devem ser explorados em benefício de poucos, mas valorizados e colocados a serviço de todos, sobretudo do bem-estar das populações locais. Mas, para que as promessas já feitas pelos países ricos sejam cumpridas, o financiamento climático e de biodiversidade devem ser verdadeiramente novo e adicional em relação ao financiamento e ao desenvolvimento", afirmou.
Lula destacou ainda a necessidade de um novo sistema financeiro internacional que não alimente as desigualdades, mas "ajude os países de baixa e média renda a implementarem mudanças estruturais". Segundo o presidente, o endividamento externo é uma das principais barreiras que impedem o desenvolvimento desses Estados.

"É preciso aumentar a liquidez, ampliar o financiamento concessional e por fim as condicionalidades. O sistema multilateral de comércio deve ser reavivado para voltar a atuar como ferramenta para um comércio justo, previsível, equitativo e não discriminatório", destacou Lula.

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Para o presidente, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), hoje sob o comando da ex-presidente Dilma Rousseff, vai ser uma ferramenta importante para que o BRICS alcance o financiamento necessário para projetos que levem em conta as desigualdades e desenvolvimento sustentável.
"Que ímpeto que motivou a criação dos BRICS há 15 anos, continue a nos inspirar na construção de uma ordem multipolar, justa e inclusiva".
Os líderes do Brasil, Rússia, África do Sul, Índia e China estão discutindo, na 15ª Cúpula do BRICS que se realiza até 24 de agosto, temas geopolíticos, socioeconômicos, comércio, desenvolvimento de infraestrutura e a possível expansão do bloco.
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