Na manhã desta quinta-feira (24), o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, anunciou que Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos vão integrar o BRICS. O professor de macroeconomia e economia monetária na Universidade de Friburgo, na Suíça, Sergio Rossi explicou à Sputnik quais podem ser os impactos da adesão dos Estados do Oriente Médio, África e América Latina.
Para Rossi a integração destes seis países no grupo BRICS é bastante relevante, tanto do ponto de vista econômico como geopolítico.
"Por um lado, estes países exportam alguns bens essenciais muito procurados na cadeia de abastecimento global, o que poderia assim contribuir para o crescimento econômico em toda a economia global, particularmente no que diz respeito ao chamado Sul Global do mundo. Por outro lado, a sua própria contribuição para a economia global poderia acelerar a desdolarização desta parte do mundo, com todas as consequências geopolíticas daí decorrentes que poderiam realmente impulsionar a criação de um sistema econômico multipolar a nível global", afirmou o professor.
Mesmo sem os critérios definidos para a adesão de novos Estados ao bloco, os novos integrantes do BRICS podem ser um sinal para os EUA de que o domínio do dólar pode estar sendo combatido por um bloco composto pelo Sul Global em oposição ao soft power (poder brando ou de influência) norte-americano, conta Rossi. Mas, incluí-los em um momento de tensão geopolítica "dá um sinal à economia global, particularmente aos países ocidentais, de que a globalização vai mudar em termos estruturais".
"O tamanho do Produto Interno Bruto [PIB] e da população no BRICS aumentará ainda mais com os seis novos países-membros, criando assim mais oportunidades de negócios, tanto dentro como através das fronteiras dos países BRICS", explicou.
Para o especialista, se a moeda comum internacional anunciada recentemente for emitida por um banco supranacional do BRICS, substituindo assim o dólar americano nos pagamentos transfronteiriços relativos a qualquer país-membro do BRICS, o bloco realizará um feito inspirador e motivador para os demais países que almejam um assento.
"Este é o desafio mais importante que estes países terão de enfrentar em breve, para garantir que os seus próprios sistemas financeiros sejam menos frágeis, uma vez que qualquer nova turbulência que afete os bancos dos EUA ou as instituições financeiras sediadas nos EUA não terá mais impacto negativo nos países do BRICS, de modo que o BRICS vai se tornar uma oportunidade de investimento interessante para todos os tipos de investidores em toda a economia global", concluiu o professor.