Nesta quinta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu a sua participação na 15ª Cúpula do BRICS, em Joanesburgo, na África do Sul. Em conversa com jornalistas, o presidente brasileiro classificou a reunião do grupo como "histórica".
"Foi um alento, uma esperança. Aos 77 anos [...] quero dizer pra vocês que eu renasço na política [...] e saio daqui com a certeza de que, finalmente, um outro mundo é possível", disse Lula. "Uma reunião civilizatória."
Lula comemorou a expansão do BRICS, que passará a integrar Argentina, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã, a partir de 1º de janeiro de 2014.
"Quanto mais juntos e mais gente nós tivermos, mais podemos negociar com outros blocos com maior garantia de sucesso, de ser tratado em igualdade de condições e não na prepotência do senhor de engenho e o escravo", apontou o presidente brasileiro.
O presidente ainda notou a necessidade de expansão de outro órgão internacional relevante: o Conselho de Segurança da ONU. Segundo ele, um dos principais avanços desta Cúpula do BRICS foi atingir o consenso entre os membros acerca da relevância dessa reforma.
"Nós estamos brigando há mais de 20 anos por isso", disse Lula. "A geopolítica de hoje não tem nada a ver com a de 1945. O mundo mudou, e é importante que a ONU tenha uma representatividade e deliberar coisas que as pessoas acatem, obedeçam."
O presidente lamentou que as decisões tomadas no âmbito da ONU já não são respeitadas pelos membros, inclusive por países desenvolvidos.
"Queremos a reforma inclusive para que a ONU tenha mais praticidade e respeitabilidade", defendeu o presidente do Brasil.
Apoio de Portugal para a Ucrânia
O presidente Lula foi perguntado acerca da decisão de Portugal, país com o qual o Brasil deve interagir no âmbito da Cúpula da CPLP em São Tomé e Príncipe em 27 de agosto, de fornecer treinamento para pilotos ucranianos operarem caças F-16.
Em recente visita a Kiev, o presidente português, Marcelo Rebelo de Souza, se comprometeu com o esforço de guerra ucraniano. O presidente Lula, no entanto, disse não estar preparado "para ir a lugar nenhum falar de guerra".
"Qualquer foro que eu tiver presente eu não vou falar em guerra, vou falar em paz", disse Lula. "Eu tenho uma guerra no meu país, uma guerra contra a fome e trazer de volta a democracia que foi jogada no lixo durante quase seis anos. E essa é uma tarefa muito difícil."
O presidente lamentou a continuidade do conflito na Ucrânia e pediu serenidade para que as lideranças de ambos os lados busquem "ajuda para encontrar a paz".
"Não se trata de apoiar um país, se trata de ser preciso alguém começar a falar em paz no mundo [...] e todos nós estamos dispostos a participar", asseverou o brasileiro.
Nesta quinta-feira (24), Lula deve deixar a África do Sul rumo a Angola, onde será recebido pelo presidente João Lourenço e cumprirá agenda oficial. No dia 27 de agosto, o presidente participará da Cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em São Tomé e Príncipe.