A Cúpula de Líderes do G20, que vai acontecer entre os dias 9 e 10 de setembro, em Nova Deli, na Índia, vai ser marcada pela divisão do grupo das maiores economias do mundo em função da operação militar especial da Rússia na Ucrânia. Sem dúvida, este vai ser um grande desafio diplomático para o Brasil que passa a presidir o bloco pela primeira vez em 2024.
A queda de braços entre os países do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e a Rússia, que tem recebido apoio da China no veto às discussões da pauta no bloco, tem causado um constrangimento aos membros.
A divisão já prejudicou a última reunião de novembro de 2022, em Bali, na Indonésia, quando os países não conseguiram chegar a uma declaração final, nem sequer posaram para a tradicional foto conjunta de líderes.
Ao que tudo indica, o atual clima entre os participantes deve atrapalhar o próximo encontro na capital indiana. O chefe da delegação russa, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, já antecipou que vai vetar qualquer comunicado conjunto que não atenda às demandas do Kremlin.
Para além disso, é provável que os reflexos da tensão geopolítica global ainda interfiram nas relações dos mecanismos multilaterais. As divisões, quer sejam pelo conflito ucraniano ou nas tesões entre China e EUA na Ásia-Pacífico e nas relações comerciais, ressaltam a necessidade se discutir vários aspectos das relações entre os Estados em fóruns internacionais mesmo que os conflitos acabem.
Ao assumir a presidência, o Brasil deve poder pautar algumas das discussões desafiadoras que estão por vir e que marcam sua agenda diplomática, propondo soluções e debates que contribuam com o funcionamento das instituições internacionais.
De acordo com a CNN, um diplomata ligado às discussões sobre o grupo, lembra que o Brasil pode até ter uma oportunidade de ampliar seu espaço internacional se conseguir usar a cúpula para diminuir as diferenças entres os países membros. Isso, obviamente, vai depender da situação do conflito na época da cúpula do Rio de Janeiro.
Segundo ele, o Itamaraty tem exata noção da complexidade e da responsabilidade adicional que a divisão do bloco e o conflito na Europa vão impor à Presidência do Brasil. Mas o diplomata lembra que o Brasil é "um país amigo de todos os outros do grupo".