O Ministério da Defesa do Japão solicitou o seu maior orçamento de defesa de todos os tempos para o ano fiscal de 2024, no valor de colossais US$ 53 bilhões (cerca de R$ 261,7 bilhões), 12% superior ao de 2023.
Além disso, as despesas de defesa estipulam a atribuição de recursos para a construção de dois destróieres equipados com Aegis e uma nova classe de fragatas, além do desenvolvimento conjunto com os EUA do chamado interceptador de fase de deslizamento (GPI, na sigla em inglês), concebido para derrubar mísseis hipersônicos. Aegis é o sistema de defesa contra mísseis balísticos fabricado nos Estados Unidos.
"O Japão existe como uma nação politicamente capturada por Washington", e a política externa de Tóquio "é em grande parte impulsionada pelos interesses norte-americanos", disse Brian Berletic à Sputnik.
Ele disse que um aumento recorde nos gastos militares japoneses visa "transformar o país em um formidável representante que os EUA possam usar contra uma China em ascensão que Washington procura desesperadamente cercar e conter".
"Ao fazer isso, o Japão põe em risco o seu comércio significativo com a China, que considera uma das suas maiores parceiras comerciais", destacou o ex-fuzileiro naval dos EUA.
Quando questionado sobre a razão pela qual o Japão está a tentar aumentar o número de F-35 no seu arsenal, o analista explicou que "qualquer conflito potencial entre os Estados Unidos e a China consistirá principalmente em meios navais e aéreos" e que "através da compra dos aviões de guerra F-35, o Japão terá mais recursos próprios para se comprometer em qualquer operação conjunta em que esteja envolvido com os EUA contra" a República Popular da China.
"No entanto, mais do que melhorar as capacidades militares do Japão ou dos Estados Unidos da América, a compra de um grande número de aviões de guerra F-35, fabricados pela Lockheed Martin, com sede nos EUA, transfere os recursos japoneses do verdadeiro povo japonês para as contas dos fabricantes de armas dos EUA", enfatizou Berletic.
Ele acrescentou que os países da região da Ásia-Pacífico "podem, de muitas maneiras, estar preocupados com a militarização japonesa, considerando o passado da nação".
"O maior receio", contudo, "provavelmente decorre da realidade de que a militarização moderna do Japão é impulsionada pelos objetivos geopolíticos dos EUA e de que esses objetivos ameaçam diretamente a paz, a estabilidade e, portanto, a prosperidade na região", segundo o analista.
Berletic classificou esta iniciativa dos EUA como parte de "um esforço mais amplo para dividir a região contra a China, que é o principal motor do crescimento econômico e do desenvolvimento".
Ele também disse que o aumento dos gastos militares do Japão é "plenamente uma função da sua subordinação aos Estados Unidos", algo que "desvia os recursos japoneses da sua própria capacidade de beneficiar plenamente o crescimento da Ásia impulsionado pela China". O analista sugeriu que o Japão não vai depender apenas militarmente dos EUA, "continuará fisicamente ocupado pelos EUA e cativo da política externa americana".
"No futuro previsível, o Japão será levado em qualquer direção que Washington, e não Tóquio, queira, mesmo que essa direção contradiga os melhores interesses do Japão ou mesmo a sua própria autopreservação", concluiu Berletic.