Panorama internacional

Por que Ocidente está promovendo tema de possíveis transferências de armas norte-coreanas à Rússia?

Alguns meios de comunicação ocidentais voltam a citar "a ameaça" da Coreia do Norte, mas agora sob um novo molho. Assim, informou-se que Pyongyang se teria dirigido a Moscou com uma proposta para lhe vender armas e que supostamente Moscou poderia oferecer petróleo, cereais e tecnologia militar como pagamento por estas munições.
Sputnik
Embora a fonte principal da notícia seja desconhecida, essa informação foi reproduzida por vários funcionários norte-americanos e europeus.
Por exemplo, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, declarou que as negociações entre a Rússia e a Coreia do Norte sobre o fornecimento de armas – que poderiam ser utilizadas durante a operação militar especial na Ucrânia – estavam supostamente "progredindo ativamente".
Sullivan não se esqueceu de sublinhar que a Rússia está supostamente buscando qualquer fonte de fornecimento de munições. Ao mesmo tempo, é claro, a parte americana voltou a não apresentar qualquer prova das suas palavras.

"Essas notícias não têm fundamento, os meios de comunicação 'disseram da boca para fora'. O objetivo principal é demonstrar que a Rússia está tão debilitada que até mesmo pede armas à Coreia do Norte", comentou Kim Yong Un, destacado pesquisador da Academia de Ciências da Rússia.

O especialista está convencido de que a Rússia não precisa importar armas, já que "é capaz de fabricá-las independentemente", e que não "há nem uma só confirmação de que compre armas a outros países".
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De acordo com ele, a operação militar especial russa na Ucrânia tem enorme impacto nos acontecimentos mundiais e agora "todas as forças do Ocidente partiram em companhia contra a Rússia". Isso é "uma aliança de bilhões de pessoas contra nós", mas a Rússia "se defenderá sozinha".

"O Ocidente está derrotado na Ucrânia e agora quer desviar a atenção dos seus próprios problemas de alguma forma. Aproximam-se as eleições nos Estados Unidos e a melhor maneira de assegurar a vitória nas mesmas é intimidar a população com uma ameaça externa, com um conflito militar desencadeado contra algum Estado, enquanto a corajosa liderança [dos EUA] está defendendo seu país", acrescentou ele.

Com esse objetivo, o Ocidente pode tentar montar algum tipo de provocação contra Pyongyang na região, previu Kim Yong Un, aludindo às recentes manobras militares Ulchi Freedom Shield, nas quais participaram EUA, Coreia do Sul e seus aliados.

"Assim, é possível que os americanos organizem uma provocação na fronteira com a Coreia do Norte, anunciando que Pyongyang é 'fulano de tal', desencadeiem um conflito e logo declarem: 'Ganhamos'", explicou.

Por sua vez, Qin An, conhecido especialista militar chinês, explicou que "os Estados Unidos têm sido o principal agressor contra a Coreia do Norte no passado, e continuam sendo, independentemente do tempo, uma ameaça devastadora para a existência do povo norte-coreano", recordando a entrada no porto de Busan (Coreia do Sul) do submarino estratégico de classe Ohio da Marinha dos EUA em julho de 2023.
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Na opinião do analista, a informação sobre possíveis fornecimentos de armas à Rússia, que está sendo difundida pelos Estados Unidos, "demonstra na realidade o que preocupa a eles mesmos no fundo de sua alma e o que realmente temem".

O especialista chinês acrescentou que a ajuda ocidental à Ucrânia sob a forma de armas e equipamentos já ultrapassou US$ 100 bilhões (R$ 497,94 bilhões), e concluiu que o presidente norte-americano, Joe Biden, "terá perdido a cabeça", já que está a tentar incitar outros países da OTAN a juntarem-se ao cenário da guerra contra a Rússia, para além dos bilionários fornecimentos de armas.
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