Na quarta-feira (6), o Pentágono anunciou oficialmente a transferência de munições de urânio empobrecido à Ucrânia. Esses projéteis não são radioativos, afirmou o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, ao comentar esse fato.
"A declaração da Casa Branca de que não há perigo de radiação é um comunicado politizado e tendencioso", disse o editor-chefe do portal de informações sobre energia nuclear Atominfo.ru, Aleksandr Uvarov, à Sputnik.
Ele citou uma emergência ocorrida nos Estados Unidos no ano passado como explicação.
"Sabe-se que, em 2022, fragmentos de munições de urânio empobrecido M101 foram encontradas quatro vezes fora da zona 'suja' [zona de acesso restrito] na base militar americana Lewis-McChord. Como consequência, a radiação foi medida e a zona 'suja' foi expandida para incluir os locais onde os fragmentos foram encontrados. Vale ressaltar que a foto publicada na época mostrava um oficial militar americano com medo de pegar um fragmento de projétil sem proteção nas mãos", disse Aleksandr Uvarov.
Também não é de conhecimento geral que o urânio empobrecido usado nas munições de produção americana e britânica contém plutônio e outros elementos radioativos, os chamados elementos transurânicos, acrescentou o especialista.
"A presença de traços de plutônio e elementos transurânicos no urânio empobrecido […] não preocupou ninguém até que essas munições foram usadas na Iugoslávia, e os especialistas da ONU [Organização das Nações Unidas], depois de coletarem as amostras necessárias, não prestaram atenção a isso. Depois disso, o fato de que essas munições estavam contaminadas com 'transurânicos' – plutônio e outros elementos – finalmente deixou de ser um segredo", de acordo com ele.
Anteriormente, a Rússia enviou uma nota aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre o fornecimento de armas à Ucrânia. Qualquer carga que contenha armas para a Ucrânia seria um alvo legítimo para a Rússia, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. Os países da OTAN estavam "brincando com fogo" ao fornecer armas para a Ucrânia, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. O bombeamento de armas do Ocidente para a Ucrânia não contribui para o sucesso das negociações entre a Rússia e a Ucrânia e teria um efeito negativo, de acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Os EUA e a OTAN estão diretamente envolvidos no conflito na Ucrânia, "inclusive não apenas fornecendo armas, mas também treinando pessoal [...] no território do Reino Unido, Alemanha, Itália e em outros países", disse Lavrov.