As declarações sobre a unidade da OTAN não são verdadeiras, a aliança dificilmente existirá mais de cinco a dez anos, de acordo com Scott Ritter, oficial de inteligência aposentado do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, em uma conferência do Instituto Schiller alemão.
Ele observou que os Estados Unidos e o Canadá têm pouco interesse no bem-estar dos Estados-membros europeus da Aliança Atlântica. Ao mesmo tempo, disse, a OTAN hoje é apenas uma ferramenta para estender o poder dos EUA, inclusive para a região da Ásia-Pacífico, e que não tem nada a ver com a segurança do continente europeu. Segundo Ritter, se Washington se preocupasse com a Europa, os Estados-membros do continente não seriam forçados a abrir mão da energia russa barata.
"Já criamos um ponto de ruptura na Europa ao dizer [em 2002, às vésperas da invasão do Iraque pelos EUA] que há aqueles que estão conosco [a nova Europa, os Países Bálticos, a Polônia] e aqueles que estão contra nós [na época, eram a França, Alemanha e a Itália]. Nós criamos essa divisão, e ela ainda existe hoje", disse Ritter.
Scott Ritter ainda chamou a atenção para a situação da Turquia, que, como membro da OTAN, se opôs à expansão da aliança pela Suécia e pela Finlândia, e apontou para as preocupações dos EUA de que Ancara poderia usar os F-16 contra a Grécia se ela os transferisse para a Turquia.
"A Grécia é um membro da OTAN, a Turquia é um membro da OTAN. Como você pode falar de unidade se está preocupado com a possibilidade de um membro usar as armas que você entregou contra outro? A OTAN não está unida", ressaltou.
"O fato é que a OTAN é uma aliança fracassada, tem uma vida útil limitada. A noção de que a OTAN durará mais 75 anos é ridícula. A OTAN ainda terá sorte se a aliança durar mais cinco, no máximo dez anos."