"É sempre muito preocupante quando qualquer autoridade pública investe sobre o trabalho dos jornalistas. Neste contexto de conflitos militares, de conflitos entre dois países, é ainda mais complicado você tentar imputar aos jornalistas, que estão fazendo o seu trabalho de levar informação de interesse público para a sociedade, qualquer tipo de participação nesses atos militares. Ainda que você possa ter críticas a determinadas coberturas, criminalizar o trabalho dos jornalistas não é um caminho saudável para nenhum país que se diga democrático", disse Castro em entrevista à Sputnik Brasil.
Em vídeo que circulou nesta quinta-feira (14) nas redes sociais, Cirillo aparece fazendo graves ameaças a jornalistas russos, dizendo que eles serão "caçados, e a justiça será feita".
"Na próxima semana, os dentes dos diabos russos rangerão com mais força e suas bocas raivosas espumarão em um frenesi descontrolado, pois o mundo verá um dos propagandistas favoritos do Kremlin pagar por seus crimes. E esse fantoche de Putin é só o primeiro. Todos os propagandistas criminosos de guerra da Rússia serão caçados, e a justiça será feita. Pois nós, na Ucrânia, somos guiados pela fé em Deus, pela liberdade e pela completa libertação", diz a porta-voz.
As declarações foram dadas após tentativas frustradas do regime de Kiev de assassinar o famoso jornalista russo Vladimir Solovyov, diretor do Sindicato de Jornalistas da Rússia, e a editora-chefe da Sputnik, Margarita Simonyan.
"São lamentáveis as declarações da autoridade ucraniana no sentido de tentar descredibilizar os jornalistas russos. E ferem a liberdade de imprensa, ferem o livre exercício profissional do jornalismo", comenta a presidente da Fenaj, defendendo a criação de uma convenção específica da ONU sobre a segurança dos jornalistas e a liberdade de imprensa, a fim de dar conta de "atender às demandas que a sociedade tem por informação, mas protegendo os seus jornalistas, os seus mensageiros".
Segundo Samira de Castro, o Brasil também tem lidado, nos últimos anos, com uma série de ataques ao trabalho dos jornalistas, inclusive com "um discurso estigmatizante que era produzido pelo próprio ex-presidente da República", Jair Bolsonaro.
"E, nesse contexto também, acho que precisamos sempre de campanhas de valorização do jornalismo. Para que a sociedade civil compreenda que quando se ataca um profissional da mídia, é o seu direito de acesso à informação que está sendo atacado."