Ao longo das últimas semanas o tenente-coronel, Mauro Cid, tem prestado depoimentos à Polícia Federal sobre ações criminosas que supostamente aconteceram durante o tempo em que era ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Em um desses depoimentos, Cid teria citado os ex-ministros Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Walter Braga Netto no âmbito da tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas urnas. O caso ganhou impulso com a descoberta de uma minuta para decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no celular do ex-ajudante.
Porém, segundo a coluna de Bela Megale em O Globo, Heleno e Ramos já teriam um "antídoto" contra o depoimento de Mauro Cid.
Os militares e ex-ministros vão argumentar que estavam distantes e foram até escanteados por Jair Bolsonaro um ano e meio antes do fim do governo, devido à entrada do Centrão e ao aumento de sua influência sobre o então presidente.
Os generais da reserva apontam Braga Netto como o nome do Palácio do Planalto que seguiu próximo a Bolsonaro em todos os momentos — incluindo a eleição, quando foi candidato a vice de sua chapa, e após a derrota, momento no qual o ex-presidente ficou recluso no Palácio da Alvorada.
A maior preocupação de ex-membros do governo Bolsonaro é aparecer na delação associados a investidas golpistas, de acordo com a colunista, e militares que integraram o primeiro escalão do governo Bolsonaro se articulam em Brasília para saber se foram delatados por Cid.
Até o próprio presidente mudou o discurso e tentou se "aproximar" do ex-ajudante de ordens nos últimos dias. Ontem (13), o ex-presidente disse que "o Cid é uma pessoa decente. É bom-caráter. Ele não vai inventar nada, até porque o que ele falar, vai ter que comprovar. […] Pretendo brevemente dar um abraço nele", segundo a revista Veja.
A relação dos dois se deteriorou em meados de maio deste ano, quando o tenente-coronel já estava preso e soube da seguinte declaração do ex-presidente: "Cada um siga a sua vida, nós procuramos fazer tudo certo. Peço a Deus que ele não tenha errado".
Naquele momento, Mauro Cid se sentiu abandonado pelo chefe, a quem "dedicou parte da vida". Com as buscas realizadas na casa do pai dele, o general Lourena Cid, a situação degringolou de vez, relata a revista.