Desde o golpe de julho no Níger, os 1.100 soldados dos EUA destacados no país foram confinados nas suas bases militares. Ainda na semana passada o Pentágono chegou a afirmar que alguns militares e bens foram transferidos da base aérea perto de Niamey, capital do Níger, para outra base em Agadez, a 920 quilômetros.
Segundo o principal comandante da Força Aérea para a Europa e África, o general James Hecker, algumas missões de inteligência e vigilância puderam ser retomadas graças às negociações dos EUA com a junta.
"Por um tempo não realizamos nenhuma missão nas bases, eles praticamente fecharam os campos de aviação", disse Hecker à Associated Press (AP). "Através do processo diplomático, estamos agora realizando, não diria 100%, as missões que fazíamos antes, mas estamos fazendo uma grande quantidade de missões que fazíamos antes", afirmou o general.
Hecker, que falou aos repórteres na convenção anual da Associação das Forças Aéreas e Espaciais em National Harbor, em Maryland, disse que os Estados Unidos estão realizando missões tripuladas e não tripuladas e que esses voos foram retomados "nas últimas semanas".
No entanto, é importante notar que a distância entre as duas bases faz com que apenas alguns voos partam da base e por conseguinte "não obtêm tantos dados, porque você não fica sobrevoando por tanto tempo" devido à quantidade de combustível necessária para as operações, disse o comandante.
Os EUA fizeram do Níger o seu principal posto regional para patrulhas abrangentes realizadas por drones armados e outras operações antiterroristas contra movimentos extremistas islâmicos, um investimento significativo de centenas de milhões de dólares de longo prazo e no treino das forças nigerinas.
Em 2018, combatentes leais ao grupo Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) emboscaram e mataram quatro militares norte-americanos, quatro nigerinos e um intérprete.
Segundo a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), foram registrados nos primeiros seis meses deste ano mais de 1.800 ataques extremistas — na Nigéria, no Chade, Mali, Burkina Faso e Grande Saara — que mataram quase 4.600 pessoas.