O governo cubano disse a autoridades brasileiras que espera "algum tipo de flexibilidade" do governo Lula para conseguir retomar os pagamentos em atraso da dívida de US$ 538 milhões (R$ 2,6 bilhões), segundo a Folha de São Paulo.
De acordo com a mídia, na última segunda-feira (11), ocorreu uma reunião virtual com integrantes de órgãos do Executivo brasileiro e de bancos públicos para tratar da dívida de Cuba com Brasília. O encontro serviu como preparação para o diálogo sobre o tema entre as autoridades dos dois países.
"Autoridades do país externaram não possuir neste momento meios para o pagamento das suas obrigações. As autoridades teriam sinalizado esperar algum tipo de flexibilidade por parte do governo brasileiro — por exemplo, um haircut comparável ao recebido no tratamento da dívida do Clube de Paris em 2015 e, diante da escassez de dólares, uso de moedas alternativas ou recebíveis de commodities cubanas — para permitir a retomada dos pagamentos", diz o registro da reunião preparatória.
Haircut é um termo utilizado para redução de um valor em negociações financeiras. Já Clube de Paris é um órgão internacional que existe desde os anos 1950 para renegociar dívidas de países, relembra a mídia.
Cuba alega dificuldades financeiras profundas. Além de um duro embargo desde a Guerra Fria, a ilha enfrenta mais dificuldades comerciais por ter sido recolocada em 2021 na lista norte-americana de países patrocinadores de terrorismo.
Os atrasos dos pagamentos começaram em meados de 2016 e se agravaram a partir de 2018. Apesar de tentativas para a retomada dos pagamentos, não houve sucesso.
Para uma autoridade diplomática brasileira, falando sob reserva, a questão da dívida é central para a reaproximação com Cuba, que deixou de pagar as parcelas desde junho de 2018. Autoridades do governo Lula alegam que os cubanos deixaram de honrar seus pagamentos também devido ao afastamento entre os países.
O presidente já usou esse argumento em entrevista recente. Ele defendeu que o país é "bom pagador" e que vai honrar suas obrigações.
Na viagem de hoje (15), Lula deve ir acompanhado dos ministros Mauro Vieira, Nísia Trindade e Luciana Santos. O presidente participará na ilha da cúpula do G77+China.