O conflito na Ucrânia aprofundou a ruptura entre o Ocidente e os países que discordam da sua hegemonia, liderados pela Rússia. É o que afirma um artigo publicado na RFI.
"A velha ordem mundial que emergiu após a Segunda Guerra Mundial, em grande parte dominada pelo campo ocidental, está em colapso sob a influência das potências que a desafiam", diz o texto.
Segundo o autor do artigo, hoje existem países no mundo que questionam a ordem econômica liberal e o sistema político ocidental. Ele argumenta que os Estados do Ocidente estavam convencidos de que a população global estava apenas à espera do advento da democracia pautada em um determinado modelo, não percebendo que eram cada vez mais vistos como criminosos e predadores econômicos.
O artigo diz que, como resultado das políticas agressivas do Ocidente, abriu-se um abismo entre ele e algumas grandes potências, em especial China, Rússia e países da África, Ásia e América do Sul.
O conflito na Ucrânia, segundo o ponto de vista do articulista, serviu apenas como catalisador para a ruptura. Assim, a Europa e os Estados Unidos defendem os seus interesses e a Rússia luta contra o expansionismo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ressoando em muitos países do Sul Global.
"Daí o resultado da reunião do G20 na semana passada na Índia: os países ocidentais já não podem impor a sua vontade, especialmente no que diz respeito ao conflito ucraniano", conclui o autor.
Anteriormente, no final da cúpula do G20 na Índia, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou a adoção da Declaração de Nova Deli, que, falando sobre o conflito na Ucrânia, afirmou que todos os países devem se abster da ameaça ou do uso da força para adquirir território. Svetlana Lukash, a sherpa, ou representante oficial da delegação da Rússia no evento, declarou que metade do G20 se recusou a interpretar os eventos de acordo com os interesses do Ocidente.