Os Estados Unidos e o Irã realizaram uma troca de prisioneiros na segunda-feira (18), após Teerã ter obtido acesso a US$ 6 bilhões (cerca de R$ 29 bilhões) congelados pela Coreia do Sul, aliada americana, para serem usados para fins humanitários. Os Estados Unidos e o Irã, com a mediação do Catar, concordaram em liberar cinco prisioneiros cada.
O acordo foi criticado por republicanos e democratas, com o deputado norte-americano Michael McCaul dizendo que essa troca "cria um incentivo direto" para que as nações façam reféns e o deputado Robert Menendez reiterando pontos de vista semelhantes.
O presidente iraniano Ebrahim Raisi, que está em Nova York para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), disse que o acordo pode se tornar "um passo na direção de uma ação humanitária entre nós e os Estados Unidos". Seu governo está envolvido em negociações que duram anos para convencer os EUA a retornar ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), assinado em 2015 para impor limites ao programa nuclear do Irã em troca da suspensão das sanções dos Estados Unidos contra o país.
No entanto, a Casa Branca tentou acalmar essas ideias. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, chamou o acordo de uma manobra diplomática astuta, dizendo aos repórteres que "às vezes, na diplomacia, você consegue o que pode conseguir".
"Não acho que devamos encarar isso como uma espécie de medida de construção de confiança para um melhor relacionamento com o Irã", acrescentou Kirby.
Enquanto a finalização do acordo se aproximava, o governo Biden revelou novas sanções contra 29 indivíduos e organizações que alegou serem "responsáveis" pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, uma mulher iraniana cuja morte em setembro de 2022 desencadeou grandes protestos no país. Ela morreu após um encontro com a Patrulha de Orientação (ou Polícia da Moralidade), que afirmou que ela não estava usando o hijab adequadamente. Ela morreu três dias depois, oficialmente devido a um ataque cardíaco e coma causados por uma doença cardíaca anterior, mas alguns relatos afirmam que ela morreu de complicações causadas por um espancamento severo pela polícia.
Autor de "Palestina, Israel e o Império dos EUA", Richard Becker disse que as sanções "podem ser para salvar a face" e têm como objetivo "tentar desviar as críticas a Biden pela troca de prisioneiros".
"A mudança do foco da política externa dos EUA para a Ásia, o 'pivô para a Ásia', a preparação para a guerra contra a China e assim por diante – é aí que estão os principais interesses da política externa dos EUA neste momento", disse Becker.
"Mas isso não significa que eles estejam se esquecendo do Oriente Médio ou do Irã. Acho que a razão para alguns movimentos em direção à acomodação ou alguma iniciativa para tentar diminuir a hostilidade com o Irã [é] para poder concentrar mais forças no Leste Asiático", acrescentou ele.