Panorama internacional

MRE russo pede fim do derramamento de sangue em Nagorno-Karabakh

Em comunicado, órgão destaca a necessidade de evitar vítimas civis e de retomar o cumprimento dos acordos trilaterais que definem os passos para uma solução pacífica.
Sputnik
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia divulgou nesta terça-feira (19) um comunicado pedindo o fim das hostilidades em Nagorno-Karabakh no intuito de evitar derramamento de sangue e vítimas civis. Anteriormente, o Azerbaijão lançou uma operação na região para "restaurar a ordem constitucional", informou o Ministério da Defesa do país.

"Em relação à forte escalada do confronto armado em Nagorno-Karabakh, instamos as partes em conflito a cessarem imediatamente o derramamento de sangue, a cessarem as hostilidades e a evitarem as vítimas civis", enfatiza o MRE russo.

Segundo o comunicado, o MRE acredita que o destino da resolução do conflito entre as partes foi radicalmente influenciado pelas declarações dadas pelo governo da Armênia em outubro de 2022 e maio de 2023, em reuniões mediadas por Rússia, Estados Unidos e União Europeia, quando reconheceu Nagorno-Karabakh como parte do território do Azerbaijão.
"Isso mudou as condições fundamentais que basearam os documentos trilaterais assinados entre a Rússia, a Armênia e o Azerbaijão, bem como a posição do contingente russo de manutenção de paz", afirmou o ministério.
O órgão destacou que o contingente russo tem executado a tarefa de manter o cessar-fogo e garantir o contato entre as partes desde que foi implantado na região. "Ao mesmo tempo, o contingente continua a apoiar a população civil, fornecendo assistência médica e conduzindo evacuações."

"O principal, agora, é regressar urgentemente a implementação do conjunto de acordos trilaterais ao patamar de 2020–2022, que definem todos os passos para uma solução pacífica para o problema de [Nagorno-]Karabakh, cessar o confronto armado e fazer todo o possível para garantir os direitos e a segurança da população da região", concluiu o ministério.

Panorama internacional
Kremlin pede para Yerevan e Baku cumprirem documentos trilaterais assinados
Nagorno-Karabakh é uma região na Transcaucásia. A esmagadora maioria da população é armênia.
Em 1923, a região recebeu o status de região autônoma dentro da República Socialista Soviética do Azerbaijão. Em 1988, começou em Nagorno-Karabakh um movimento de reunificação com a Armênia. Em 2 de setembro de 1991, o Azerbaijão proclamou a sua independência, e o nome da região autônoma mudou para República de Nagorno-Karabakh. De 1992 a 1994, o Azerbaijão tentou assumir o controle da autoproclamada república. Nessa ação militar de grande escala morreram cerca de 30 mil pessoas.
Em 1994, as partes concordaram em estabelecer um cessar-fogo, mas o status do território nunca foi determinado. No final de setembro de 2020, os combates recomeçaram em Nagorno-Karabakh. Na noite de 10 de novembro, o Azerbaijão e a Armênia, com o apoio de Moscou, chegaram a um acordo para cessar completamente as hostilidades, permanecendo nas posições ocupadas, trocar prisioneiros e os corpos dos mortos. Na região foram implantadas forças de paz russas, inclusive no corredor de Lachin.
No ano passado, Yerevan e Baku, com a mediação de Rússia, EUA e União Europeia, iniciaram discussões sobre um futuro acordo de paz. No final de maio deste ano, o premiê armênio, Nikol Pashinyan, disse que seu país estava pronto para reconhecer a soberania do Azerbaijão nas fronteiras soviéticas, ou seja, junto com Nagorno-Karabakh. Em setembro, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou a atenção para o fato de que a liderança armênia, em essência, havia reconhecido a soberania do Azerbaijão sobre Nagorno-Karabakh. O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, disse que Baku e Yerevan podem assinar um acordo de paz antes do final do ano, a menos que a Armênia mude sua posição.
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