A publicação afirmou que no final do ano passado, o líder ucraniano foi aplaudido ao discursar perante o Congresso norte-americano. Mas, em contrapartida, nesta quinta-feira (21), foi recebido com uma cerimônia simples. Além disso, Zelensky vai encarar conversas a portas fechadas com líderes do Congresso em um momento em que a ajuda a Kiev recebe cada dia mais rejeição.
Os republicanos propuseram um projeto de lei provisório que não inclui financiamento para os ucranianos, algo que o líder da maioria no Senado norte-americano, Chuck Schumer, um democrata, chamou de "insulto à Ucrânia", segundo a mídia.
"Não consigo pensar em uma recepção pior para Zelensky", disse Schumer, citado pelo The Guardian.
Por sua vez, o líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Kevin McCarthy, garantiu que o seu partido abordaria com considerável ceticismo o pedido pendente do presidente Joe Biden de mais US$ 24 bilhões em apoio à Ucrânia. Em declarações à ABC News divulgadas pela mídia britânica, McCarthy questionou se Zelensky foi eleito para o Congresso ou se é o presidente dos Estados Unidos.
"Penso que não preciso me comprometer com nada e acredito que tenho perguntas para ele. Onde está a responsabilidade pelo dinheiro que já gastamos? Qual é o plano para a vitória? Acho que é isso que o público estadunidense quer saber", disse o parlamentar. Mas não serão apenas os republicanos que questionarão Zelensky, segundo o The Guardian.
Os democratas também perguntarão se a delegação ucraniana apresenta pedidos de tecnologia de drones. Os líderes do partido do presidente se mostram cautelosos quanto ao fornecimento de sistemas de armas que possam ser usados para atacar o território russo. Citando fontes do Congresso, o meio de comunicação afirma que Zelensky será questionado sobre o papel de Kiev nos recentes ataques a Moscou e a outros alvos do território russo.
No que diz respeito aos mísseis ATACMS solicitados por Kiev, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, John Kirby, declarou que a questão não havia sido resolvida. "Os ATACMS não estão excluídos. Seguimos com as discussões aqui no grupo interinstitucional sobre esse sistema de armas específico, mas nenhuma decisão foi tomada", contou o funcionário aos jornalistas em 20 de setembro.
De acordo com o The Guardian, Kiev quer os ATACMS para atacar bem atrás das linhas de defesa russas com o objetivo de interromper os seus abastecimentos e desmoralizar as tropas entrincheiradas. Entretanto, de acordo com declarações de funcionários norte-americanos, o Pentágono está preocupado com o inventário de ATACMS para as necessidades de defesa de Washington.
Além disso, disseram que a Casa Branca quer ter certeza de não fornecer armas que possam ser usadas para atacar o território russo temendo que Moscou considere isso um ataque direto de forma a agravar o conflito. Ainda assim, após o encontro com Zelensky, Joe Biden anunciou que os Estados Unidos e os seus aliados continuarão a fornecer armas à Ucrânia para apoiar a sua contraofensiva no contexto do conflito que o país europeu atravessa desde fevereiro de 2022.
Além disso, o presidente dos EUA anunciou um novo pacote de segurança para Kiev que incluirá a segunda remessa de sistemas de defesa aérea Hawk e entregas mensais de armas adicionais durante o inverno. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao mesmo tempo, informou que autorizou o envio de US$ 128 milhões em equipamento militar dos EUA para a Ucrânia, que serão fornecidos juntamente com US$ 197 milhões previamente autorizados. O pacote inclui defesa aérea, artilharia e bombas de fragmentação para apoiar a Ucrânia na sua contraofensiva, de acordo com um comunicado do governo.
A Rússia lançou a sua operação militar especial na Ucrânia em resposta ao pedido das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, anteriormente reconhecidas por Moscou como Estados soberanos, de assistência ante ao genocídio por parte de Kiev.
Segundo o presidente Vladimir Putin, a contraofensiva ucraniana, iniciada em 4 de junho, não parou, mas fracassou. Falando no Fórum Econômico Oriental, que tomou lugar em Vladivostok no início de setembro, o presidente russo disse que nos três meses desde o início da contraofensiva ucraniana, Kiev sofreu cerca de 71 mil baixas. "Portanto, parece que os seus patrocinadores ocidentais os estão pressionando a ‘arrancar’ o máximo que podem", observou Putin.