Segundo relatório divulgado pelo Financial Times (FT), a frota de caças F-35 do Pentágono só consegue voar um pouco mais de metade do tempo, uma vez que problemas de manutenção mantêm as aeronaves no solo, apesar da crescente dependência dos aviões por parte dos EUA e dos seus aliados.
O relatório do Escritório de Contabilidade do Governo (GAO, na sigla em inglês) mostrou que "a taxa de capacidade [para execução] de missões da frota – a porcentagem de tempo que a aeronave pode realizar uma de suas missões incumbidas – foi de cerca de 55% em março de 2023, muito abaixo das metas do programa".
O escritório, órgão de fiscalização independente do Congresso, publicou o relatório poucos dias depois de um F-35 do Corpo de Fuzileiros Navais ter caído na Carolina do Sul, provocando uma busca pelo avião que desapareceu por um dia inteiro antes de ser localizado.
Enquanto os EUA tentam aumentar a participação da aeronave fabricada pela Lockheed Martin, são cada vez mais comuns os relatos de falhas e problemas de operação em uma das aeronaves de maior custo para o governo, cerca de US$ 160 milhões (aproximadamente R$ 786,3 milhões) por cada uma delas.
De acordo com o FT, a Força Aérea, a Marinha e o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA têm ao todo 450 aeronaves entre F-35 e suas versões. O Pentágono planeja comprar cerca de 2.000 unidades até meados da década de 2040 conforme o programa de aquisição de defesa mais caro do mundo, no valor de US$ 1,7 trilhão (cerca de R$ 8,3 trilhões) — incluindo US$ 1,3 trilhão (aproximadamente R$ 6,4 trilhões) para manutenção da aeronave.
Os aliados dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e na Ásia, bem como Israel, também adicionaram o F-35 às suas forças aéreas. O Ministério da Defesa do Reino Unido é um dos maiores clientes da aeronave, mas, segundo o relatório do GAO, o depósito e a manutenção do caça — graças ao atraso nos cronogramas de execução do Pentágono — têm se refletido nos desafios de prontidão da aeronave que enfrenta uma redução de 10% na taxa de capacidade de missão.
Parte dos desafios resulta de uma forte dependência de empreiteiros para a manutenção, o que limita a capacidade do Pentágono de controlar as decisões de manutenção dos depósitos, para além da escassez de peças sobressalentes, formação inadequada em manutenção, equipamento de apoio insuficiente e falta de dados técnicos necessários para fazer reparações.
O Pentágono vai assumir a gestão da sustentação do F-35 até outubro de 2027 enquanto a Lockheed Martin, em comunicado, reafirma a parceria com o governo dos EUA para garantir a prontidão dos caças.