Nesta sexta-feira (29), o chanceler da Itália, Antonio Tajani, disse que migrantes recolhidos no mar por navios de resgate devem ser enviados para os países que apoiam as ONGs de caridade. O ministro também pediu para que o pacto de migração da União Europeia seja reformulado.
"Queremos fazer um acordo para um novo pacto. As ONGs que ostentam bandeira alemã ou de outro país devem recolher os migrantes e levá-los para os seus países", disse Tajani segundo a Reuters.
De acordo com a mídia, a posição de Berlim irritou o governo italiano, que está lutando para lidar com um aumento acentuado nos fluxos de migrantes e acusa as instituições de caridade de encorajarem as pessoas a fazerem a perigosa travessia, algo que as ONGs negam.
Roma acusa navios de caridade de agirem "como um serviço de táxi" para migrantes e introduziu legislação este ano para restringir as suas operações. As ONGs afirmam ter recolhido apenas cerca de 5% de todos aqueles que tentaram chegar a Itália em 2023, acrescentando que o seu único objetivo é salvar vidas.
Ao mesmo tempo, os ministros do Interior do bloco europeu não conseguiram chegar a um acordo sobre um novo pacto de migração na quinta-feira (28), depois da Itália ter dito que precisava de mais tempo para rever o texto.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, encontrou-se com Tajani ontem (28) e defendeu a decisão, dizendo que os grupos estavam salvando vidas.
No início desta semana, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, escreveu ao chanceler alemão, Olaf Scholz, dizendo-lhe que tinha tomado conhecimento com "espanto" da iniciativa alemã de financiar os grupos de caridade.
Anteriormente, a Itália entrou em conflito com os seus aliados europeus por causa dos navios de caridade, incluindo um grande desentendimento com a França em novembro de 2022, quando Paris se recusou a deixar um navio operado por uma ONG francesa trazer 230 pessoas para terra, entretanto, o barco acabou por trazer os migrantes diretamente para França.