Panorama internacional

Pequim insiste que cadeia de recifes é chinesa e reprova remoção filipina de suas barreiras

A remoção filipina das barreiras flutuantes chinesas no mar do Sul da China é uma "farsa", disse Pequim na quarta-feira (27), enquanto o impasse continuava, renovando as tensões entre os dois países.
Sputnik
A disputa começou na sexta-feira (22), quando as Filipinas protestaram contra a descoberta das barreiras flutuantes montadas pela Guarda Costeira chinesa na cadeia de recifes Scarborough, que abrange uma área de 46 km no mar do Sul da China.
O Ministério das Relações Exteriores da China disse na segunda-feira (25) que a barreira foi montada de acordo com a lei para impedir que os navios filipinos pescassem em águas disputadas perto do atol de Scarborough.
Mais tarde naquele dia, a Guarda Costeira filipina cumpriu uma ordem presidencial para remover as barreiras, que bloqueavam o acesso de embarcações de pesca à cadeia de recifes.
Na quarta-feira (27), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, rejeitou a medida, reiterando que a área do atol de Scarborough é território chinês e que Pequim sempre protegerá sua soberania e seus interesses marítimos nessa área.
"Essa suposta ação do lado filipino é puramente uma farsa para seu próprio espanto", disse o porta-voz citado pelo jornal South China Morning Post.
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É improvável que a China permita que as embarcações filipinas entrem na área disputada, afirmam os observadores.
"Se as embarcações filipinas pudessem entrar no atol, isso significaria que o controle da China sobre a ilha Huangyan estaria ameaçado", disse o diretor do think tank chinês Iniciativa de Sondagem da Situação Estratégica do Mar do Sul da China, Hu Bo.
Pequim não recuará na questão da área do atol de Scarborough, disse Hu Bo.
O confronto do mês passado não foi o primeiro deste ano. Em fevereiro, as Filipinas acusaram a China de usar radiação de laser de "nível militar" para interromper uma missão de entrega de carga.
A Marinha das Filipinas anunciou na quarta-feira (27) um exercício militar bilateral de 12 dias com sua contraparte norte-americana para fortalecer a cooperação em defesa.
As Filipinas parecem ter endurecido sua posição em questões de política de segurança, especialmente com relação ao mar do Sul da China, disse o professor associado da Universidade de Jinan, Dai Fan.
"Acredito que os Estados Unidos desempenharam um papel muito importante para empurrar as Filipinas", disse Dai Fan.
No entanto, o risco de um conflito mais amplo sobre o atol de Scarborough é baixo, resumiu o professor Hu.
"Não acho que as Filipinas estejam prontas agora para confrontar a China como fizeram em 2012", disse Hu Bo.
Pequim e Manila se envolveram em um amargo confronto há mais de uma década, depois que a Marinha das Filipinas tentou deter embarcações de pesca chinesas, acusadas de coletar ilegalmente corais e moluscos gigantes em uma lagoa ao largo do atol de Scarborough.
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O impasse marítimo se transformou em um boicote econômico, após o qual o governo filipino anunciou, dois meses depois, que havia chegado a um acordo com a China para retirar os navios de ambos os países do atol, embora Manila tenha dito mais tarde que Pequim não retirou suas embarcações de aplicação da lei marítima.
Acredita-se que o impasse de 2012 tenha sido o motivo por trás da decisão das Filipinas de iniciar um processo de arbitragem contra a China de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Em 2016, o Tribunal de Haia decidiu que as reivindicações históricas de Pequim sobre a maior parte do mar do Sul da China eram inválidas, uma decisão que Pequim rejeitou.
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