O prefeito da cidade ucraniana de Sumy, Aleksandr Lysenko, e o diretor do departamento de infraestrutura da cidade, Aleksandr Zhurba, foram presos nesta segunda-feira (2), no momento que recebiam uma propina no valor de 1,4 milhão de grívnias (cerca de R$ 192 mil) de uma empresa responsável pela coleta de lixo na cidade.
Segundo informou o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na sigla ucraniana), o montante era a última parcela de um total de 2,13 milhões de grívnias (cerca de R$ 293 mil) exigidos pela dupla para autorizar a empresa a prestar o serviço. Se condenados, ambos podem receber uma sentença de até oito anos de prisão, além do confisco de bens.
O caso é mais um envolvendo corrupção em diversas esferas do governo ucraniano. A maior parte da população culpa o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, pelo avanço da corrupção no governo. Em setembro, em uma pesquisa conduzida pela Fundação de Iniciativas Democráticas Ilko Kucheriv, 78% dos entrevistados afirmaram considerar que Zelensky é responsável direto pela corrupção no país.
A corrupção na Ucrânia é alvo de preocupação nos Estados Unidos, um dos maiores financiadores do regime de Kiev no conflito com a Rússia. Para o Departamento de Estado dos EUA, a corrupção das autoridades ucranianas coloca em risco a eficácia da assistência prestada pelo Ocidente.
Zelensky vem tentando desassociar seu governo dos escândalos de corrupção. Dias antes de viajar para os EUA, no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas, ele demitiu o alto escalão do Ministério da Defesa ucraniano, alvo de escândalos envolvendo superfturamento, na tentativa de demonstrar às autoridades americanas e a outros líderes ocidentais que seu governo não está desperdiçando, seja por meio de corrupção ou má gestão, os bilhões de dólares enviados ao regime de Kiev por Washington e aliados europeus.
Os esforços, no entanto, não convenceram Washington. Nesta segunda-feira, o parlamentar ucraniano Yaroslav Zheleznyak informou que seu país recebeu um "cartão amarelo" dos Estados Unidos devido aos escândalos de corrupção.
"A principal queixa contra nós é a corrupção. Devemos passar estes 45 dias sem um único grande escândalo de corrupção. Pelo que sei, foi exatamente isso que os nossos representantes ouviram quando visitaram [os EUA]", disse Zheleznyak.
O prazo de 45 dias citado por Zheleznyak é o tempo que o Congresso americano levará para discutir uma nova proposta orçamentária. A proposta deve substituir o orçamento temporário que foi aprovado pelo Parlamento no último fim de semana, para evitar a paralisação do governo. O orçamento temporário não inclui ajuda à Ucrânia, uma vez que aumentou a parcela de parlamentares americanos críticos ao que consideram financiamento indefinido de Kiev.