Organizações de povos originários e setores populares da Guatemala iniciaram nesta segunda-feira (2) protestos e bloqueios de estradas em vários pontos do país para defender os resultados da eleição presidencial de 20 de agosto, que elegeu Bernardo Arévalo.
A paralisação nacional foi convocada por entidades e autoridades comunitárias, entre elas a 48 Cantones de Totonicapán, após funcionários do Ministério Público do país centro-americano apreenderem dezenas de urnas e atas eleitorais na sede do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), em uma operação que teve início na sexta-feira (29) e durou até sábado (30).
"Nós nos unimos à convocatória de paralisação nacional. É momento de defender a democracia e a vontade popular", anunciaram autoridades indígenas da organização ancestral Oxlajuj Noj, uma das maiores do país.
Arévalo, que estava no México, em viagem internacional que incluía visita aos Estados Unidos, voltou às pressas à Guatemala, no domingo (1º).
Em seu perfil na plataforma de mídia social X (anteriormente Twitter), Arévalo declarou que estava em curso um golpe de Estado por parte do Ministério Público.
Estou voltando à Guatemala. Contra o ataque do MP, precisamos unir todas e todos, ativos e fortes na defesa de cada voto, da democracia e da Constituição. #BastadeSilêncio
A Organização dos Estados Americanos (OEA) publicou comunicado demonstrando preocupação com o que chamou de "práticas intimidantes" por parte do MP guatemalteco, a fim de gerar dúvidas sobre o processo eleitoral e os resultados da vontade popular expressada nas urnas:
"Esta é a quinta diligência contra o TSE realizada este ano, sem a devida motivação, atacando as funções, a independência e a autonomia do órgão eleitoral, o que configura um cerco permanente e sem fundamento ou motivação clara, semelhante aos que costumam realizar os regimes autoritários."
Em setembro, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) já havia pedido medidas de proteção a Bernardo Arévalo, devido a práticas consideradas antidemocráticas por parte do MP, na tentativa de suspender o registro do partido do presidente eleito, Movimento Semente, sob a acusação de inscrição irregular, e assim impugnar sua candidatura.