Panorama internacional

Trump vê império empresarial ameaçado por julgamento de fraude em Nova York

Entre os vários processos que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump enfrenta na Justiça americana, um chama atenção em Nova York: a ação que acusa o político de 77 anos de fraude e que poderia resultar na sua proibição de fazer negócios no estado, onde construiu fortuna.
Sputnik
Trump compareceu nesta segunda-feira (2) ao tribunal e denunciou o caso como uma "farsa" para sabotar sua campanha para retornar à Casa Branca. "Isso tem a ver com interferência nas eleições, simples assim", disse, ao chegar para o primeiro dia do que pode ser um julgamento de três meses.
"O que temos aqui é uma tentativa de me prejudicar em uma eleição", insiste.
Enquanto isso, o juiz de Nova York, Arthur Engoron, já decidiu que Trump e seus filhos, Eric e Don Jr., cometeram fraude ao inflar valores dos imóveis e ativos financeiros da Trump Organization durante anos — um exemplo citado na ação é o de um apartamento avaliado em US$ 327 milhões (mais de R$ 1,6 bilhão), valor considerado "significativamente maior" do que qualquer outro imóvel já vendido na cidade.
Na última semana, a Justiça rejeitou o encerramento do processo, que aponta indícios de fraudes em mais de 200 avaliações de imóveis.
Conforme a ação, os preços foram manipulados por mais de dez anos.

'Justiça prevalecerá'

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, responsável pela acusação, quer penalizar em US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) Trump e a família pelas fraudes, além de removê-los da administração dos bens. "A justiça prevalecerá", disse James a repórteres antes de apresentar os argumentos iniciais.
"Não importa o quão poderoso você seja, não importa quanto dinheiro você pense que tem, ninguém está acima da lei", acrescenta.
Trump, ao chegar ao tribunal, disse que o processo é uma "caça às bruxas" e garantiu que seus "extratos financeiros são fenomenais".
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Fraude bilionária

No caso de Nova York, o juiz Arthur Engoron determinou que Trump, seus dois filhos mais velhos e outros executivos da companhia mentiram para coletores de impostos, credores e seguradoras por anos.
Conforme a ação, o esquema já teria elevado valores de propriedades do ex-presidente entre US$ 812 milhões (R$ 4,1 bilhões) e US$ 2,2 bilhões (R$ 11,4 bilhões), dos anos de 2014 a 2021. O juiz também revogou licenças comerciais que permitiam à Trump Organization operar algumas de suas propriedades em Nova York.
Somente essa penalidade, segundo o professor de direito comercial da Universidade de Michigan Will Thomas disse à agência AFP, já seria "um golpe significativo na capacidade de Donald Trump de fazer negócios no estado de Nova York no futuro".
Entre essas propriedades está a famosa Trump Tower, localizada na 5ª Avenida, em Manhattan. O próprio apartamento em que vive o ex-presidente teria sido listado como três vezes maior que seu verdadeiro tamanho, o que gerou uma supervalorização de até US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão), segundo a procuradora Letitia James.
O resort de luxo Mar-a-Lago, na Flórida, e vários clubes de golfe da Trump Organization também fazem parte da denúncia de James.
Trump tem repetidamente rejeitado as alegações, chamando James, que é negra, de "racista" e rotulando Engoron de "desequilibrado".
Provavelmente serão convocadas dezenas de testemunhas para depor no julgamento, incluindo o próprio Trump e três de seus filhos.
O ex-advogado de Trump Michael Cohen — agora um crítico ferrenho do ex-presidente — e funcionários de instituições financeiras ligadas a Trump também devem comparecer.

Outras ações

Em março do próximo ano, em outra ação a que responde, o ex-presidente vai comparecer perante um juiz federal em Washington sob acusações de tentar derrubar os resultados das eleições presidenciais de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden.
Depois, Trump retorna ao tribunal estadual de Nova York, desta vez sob acusações de comprar o silêncio de uma ex-atriz pornô, e mais tarde a um tribunal federal na Flórida, onde é acusado de manusear documentos classificados após deixar o cargo.
O ex-presidente também terá que responder a acusações estaduais na Geórgia, onde promotores afirmam que Trump tentou ilegalmente mudar os resultados das eleições de 2020 a seu favor.
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