No domingo (1º), Borrell chegou a Kiev, para se encontrar com Zelensky e com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba. No sábado (30), o responsável da UE viajou para Odessa em uma visita não anunciada.
Além disso, Borrell disse que realizaria uma reunião informal do Conselho de Relações Exteriores da UE em Kiev nesta segunda-feira (2), a primeira reunião de representantes dos 27 Estados-membros fora da União Europeia.
"A visita de Borrell é um gesto de apoio à Ucrânia, especialmente no contexto da paralisação do governo dos EUA e do financiamento ucraniano, porque os EUA não orçamentaram nem mesmo US$ 300 milhões [R$ 1.515 bilhão] em ajuda para os próximos 45 dias", disse Bezpalko.
A UE é o segundo maior doador depois dos EUA, que já forneceu à Ucrânia assistência no valor de 80 bilhões de euros (R$ 404 bilhões), lembrou ele.
"É por isso que Borrell veio para dar apoio expresso à Ucrânia — para realizar um evento que demonstrará a unidade da UE com a Ucrânia", disse o cientista político.
Além disso, o evento realiza-se em um cenário em que a hipotética adesão da Ucrânia à União Europeia permanece "altamente incerta e retórica, consistindo apenas em slogans".
"É óbvio que a Ucrânia não se tornará um membro de pleno direito da UE em um futuro próximo. Mas, para compensar isso de alguma forma mais uma vez e apoiar a ideia europeia entre os cidadãos ucranianos, essa 'cenoura', que já está um pouco murcha, eles estão tentando reanimá-la com a ajuda de altos funcionários, incluindo Josep Borrell", afirmou Bezpalko.
Por fim, a visita de Borrell e a reunião ministerial estão ocorrendo no contexto da contraofensiva fracassada da Ucrânia no verão e dos preparativos para uma possível nova tentativa, que pode ocorrer no outono, disse o especialista político.
"Lembro-me de que Borrel disse que todo o conflito deveria ser decidido no campo de batalha, ou seja, o principal diplomata da Europa argumentou que a diplomacia é impotente, em essência", lembrou Bezpalko.
O presidente dos Estados Unidos Joe Biden assinou a lei aprovada antes pelo Congresso que permitirá continuar financiando o funcionamento do governo por 45 dias, até 17 de novembro. Ao mesmo tempo, a lei não prevê a alocação de fundos para as necessidades da Ucrânia.