O evento, que contou com a presença de autoridades civis e militares, além de representantes dos setores nuclear, acadêmico e empresarial, marca um avanço significativo no processo de construção do SCPN pelo Prosub, ou Programa de Desenvolvimento de Submarinos, parceria firmada entre o Brasil e a França para a transferência de tecnologia de embarcações militares.
A seção de qualificação é a etapa responsável por certificar que engenheiros, técnicos e operários consigam realizar as atividades em fase de testes, garantindo que os processos vão atender às especificações técnicas e possuem o nível de qualidade necessário para homologação da construção do casco do submarino nuclear.
Primeiro acionamento do dispositivo de corte da seção de qualificação, em 4 de outubro de 2023
© Foto / Ewaldo Costa
"O processo de homologação envolve demais atividades além daquelas diretamente ligadas às atividades-fim, como a movimentação entre cada estação de trabalho e a análise das dificuldades intrínsecas aos processos, considerando o peso desta seção — de aproximadamente 100 toneladas", afirmou o contra-almirante Marcio Ximenes.
O diretor-geral de desenvolvimento nuclear e tecnológico da Marinha, almirante de esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, destacou o salto tecnológico que o programa trouxe ao Brasil, contribuindo para que o setor de defesa atinja um patamar estratégico digno dos interesses do Estado brasileiro.
"Navegamos, devidamente abalizados, rumo à conquista de um sonho, o submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear, uma aspiração legítima para um país com vocação em garantir sua soberania, defender as suas riquezas e o seu povo."
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos, do qual o SCPN é o objetivo mais ambicioso, vai possibilitar que o país construa submarinos convencionais e com propulsão nuclear, com capacitação de pessoal, transferência de tecnologia e nacionalização de equipamentos e sistemas.
No momento, o projeto conta com aproximadamente 1.500 trabalhadores militares e civis. Estima-se que tenha a capacidade de gerar 24 mil empregos diretos e 40 mil indiretos.
O projeto também vai garantir uma série de benefícios à sociedade civil. Segundo a professora Inayá Corrêa Barbosa Lima, do Departamento de Engenharia Nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a participação do meio acadêmico nas atividades assegura a disseminação do conhecimento do setor nuclear do país e possibilita a retenção de capital intelectual, evitando a "fuga de cérebros".