A fala do primeiro-ministro foi feita nesta quarta-feira (4), durante uma sessão de perguntas e respostas no Parlamento da Armênia.
Pashinyan, que estava respondendo a um deputado de oposição, ressaltou que não acredita que sua renúncia ajudará em alguma coisa; na verdade, levará exatamente ao oposto.
"A Armênia enfrentou e está enfrentando desafios. Se eu sei que com minha renúncia e saída todos os desafios serão superados, farei isso em um segundo, porque não me agarro à cadeira como você", disse Pashinyan. "Mas a análise que fiz mostra que neste caso [a renúncia] acontecerá exatamente o oposto, e é por isso que isso não acontece."
O primeiro-ministro destacou ainda que já renunciou ao cargo duas vezes, sendo duas vezes reeleito para exercer a função.
Pashinyan está com um encontro marcado para o dia 5 de outubro em Granada, na Espanha. Lá ele se encontrará com líderes de Alemanha, França e União Europeia, para discutir a resolução do conflito. Ilham Aliev, presidente do Azerbaijão, voltou atrás em sua presença e afirmou que não comparecerá mais à reunião.
Armênia enfrenta crise de protestos e imigrantes
A resolução do conflito de Nagorno-Karabakh desagradou grande parte da população armênia, que organizou protestos na capital, Yerevan, ao saber da decisão do país de voltar às fronteiras da época soviética, entregando a região de Nagorno-Karabakh, cuja maioria da população é armênia, ao Azerbaijão.
Como resultado do acordo de paz, mediado por forças russas, americanas e europeias, mais de 100 mil habitantes abandonaram suas casas, indo em direção à Armênia. O governo de Baku, capital do Azerbaijão, afirmou que vai garantir o direito dos residentes da região de manterem sua cultura e religião.
29 de setembro 2023, 10:17
Conflito armado em Nagorno-Karabakh
Nagorno-Karabakh é uma região na Transcaucásia. A esmagadora maioria da população é armênia.
Em 1923, a região recebeu o status de região autônoma dentro da República Socialista Soviética do Azerbaijão. Em 1988, começou em Nagorno-Karabakh um movimento de reunificação com a Armênia. Em 2 de setembro de 1991, o Azerbaijão proclamou a sua independência, e o nome da região autônoma mudou para república de Nagorno-Karabakh. De 1992 a 1994, o Azerbaijão tentou assumir o controle da autoproclamada república. Nessa ação militar de grande escala morreram cerca de 30 mil pessoas.
Em 1994, as partes concordaram em estabelecer um cessar-fogo, mas o status do território nunca foi determinado. No final de setembro de 2020, os combates recomeçaram em Nagorno-Karabakh. Na noite de 10 de novembro, o Azerbaijão e a Armênia, com o apoio de Moscou, chegaram a um acordo para cessar completamente as hostilidades, permanecendo nas posições ocupadas, trocar prisioneiros e os corpos dos mortos. Na região foram implantadas forças de paz russas, inclusive no corredor de Lachin.
No ano passado, Yerevan e Baku, com a mediação de Rússia, EUA e União Europeia, iniciaram discussões sobre um futuro acordo de paz. No final de maio deste ano, o premiê armênio, Nikol Pashinyan, disse que seu país estava pronto para reconhecer a soberania do Azerbaijão nas fronteiras soviéticas, ou seja, junto com Nagorno-Karabakh. Em setembro, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou a atenção para o fato de que a liderança armênia, em essência, havia reconhecido a soberania do Azerbaijão sobre Nagorno-Karabakh. O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, disse que Baku e Yerevan podem assinar um acordo de paz antes do final do ano, a menos que a Armênia mude sua posição.