Os cientistas há muito consideram o núcleo interno da Terra uma esfera inflexível de metal sólido, composta principalmente de ferro e que remonta a mais de um bilhão de anos.
Envolvido pelo núcleo externo, um mar turbulento de metais líquidos, e rodeado por uma vasta camada de rocha derretida conhecida como manto, o núcleo interno está situado abaixo da crosta sólida da Terra.
A imensa pressão no coração do nosso planeta sempre levou os estudiosos a acreditarem que o núcleo interno deveria ser sólido, com os seus átomos de ferro formando uma extensa malha hexagonal, permanentemente fixada em posição.
Entretanto, um estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, apresenta novas descobertas que levantaram uma explicação alternativa para o comportamento do núcleo interno do nosso planeta.
Para explorar os mistérios do núcleo interno, os pesquisadores recriaram as suas condições de extrema pressão em um ambiente de laboratório. Eles observaram de perto o comportamento dos átomos de ferro nessas circunstâncias e usaram simulações de computador para construir um núcleo virtual, que apelidaram de "supercélula".
A simulação permitiu efetivamente aos cientistas testemunhar como a estrutura de ferro supostamente rígida poderia acomodar movimento.
Os resultados revelaram-se surpreendentes, mostrando que os átomos de ferro no núcleo interno se movem muito mais livremente do que o imaginado.
Observou-se que alguns átomos se deslocavam em grupos, reorganizando-se dentro da malha sem alterar sua estrutura geral – um efeito semelhante ao de convidados em uma mesa de jantar trocando de lugar sem adicionar ou remover cadeiras, denominado "movimento coletivo".
O professor Jung-Fu Lin, da Escola Jackson de Geociências da Universidade do Texas e um dos principais autores do estudo afirmou:
"Agora, sabemos sobre o mecanismo fundamental que nos ajudará a compreender os processos dinâmicos e a evolução do núcleo interno da Terra."
Além disso, as descobertas são esperadas para esclarecer sobre outros aspectos enigmáticos do núcleo interno, tais como o seu papel na geração do campo magnético da Terra.