Panorama internacional

Quais são os principais desafios para cooperação entre Rússia e América Latina?

Informação, logística e finanças. Esses são os problemas-chave que devem ser resolvidos para expandir o comércio russo-latino-americano, que atualmente está na casa dos US$ 20 bilhões (R$ 103 bilhões) anuais.
Sputnik
Quem fez essa análise foi a diretora do Comitê Nacional para a Cooperação Econômica da Rússia com os países da América Latina, Tatiana Mashkova, em entrevista à Sputnik.

Novas rotas logísticas

Entrevistada durante a atual edição do fórum internacional "Rússia e Ibero-América no mundo turbulento: história e perspectivas", acontecendo na cidade russa de São Petersburgo entre os dias 4 e 6 de outubro, Mashkova insistiu na necessidade de "procurar novas rotas marítimas" que conectem a Rússia à América Latina e ao Caribe.
Os portos russos como os do mar Negro ou do mar Báltico "podem falhar" nas circunstâncias do atual conflito internacional.
"São os portos a que estamos mais habituados, mas temos que procurar novas rotas, mesmo que sejam mais longas. Por exemplo, temos que trabalhar mais com os portos de Arkhangelsk, os portos do mar Cáspio", salientou.
Da mesma forma, Mashkova chamou a atenção para a escassa conexão aérea direta entre a Rússia e a América Latina.
"O avião serve perfeitamente para transportar tanto produtos farmacêuticos como produtos perecíveis. A questão das companhias aéreas diretas é muito importante", argumentou.

Criptomoedas, uma opção

Outro desafio reside na superação dos obstáculos perante as transferências financeiras entre a Rússia e os seus parceiros latino-americanos e caribenhos.
"Mesmo quando você tem dinheiro, você não pode transferi-lo. Praticamente não existem contas de correspondentes entre nossos bancos", explicou a diretora do comitê.
Neste contexto, defendeu ferramentas como a utilização de criptomoedas, "um dos instrumentos mais promissores".
"Se não trabalharmos nisso, em um futuro próximo será muito difícil comercializar. Outra opção é criar uma moeda única para o intercâmbio comercial, seja com a América Latina ou com algumas outras regiões do mundo. É preciso trabalhar nisso", enfatizou.
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'Falta drástica de informação'

Segundo Tatiana Mashkova, tanto a Rússia como a América Latina e o Caribe "não estão bem-informados" sobre as possibilidades oferecidas por cada uma das partes.
"Temos que avançar para uma colaboração muito mais ampla. Minha ideia não é que tenhamos que substituir as exportações de produtos primários, como petróleo ou fertilizantes, por produtos de alta tecnologia, mas que temos que expandir nossas exportações e importações com parceiros latino-americanos e caribenhos, acrescentando novos produtos aos tradicionais", ponderou.

A rica oferta russa

Nas palavras de Mashkova, uma das questões que não são suficientemente conhecidas na região latino-americana é que a Rússia é uma verdadeira potência em tecnologias de informação e comunicação. Em particular, mencionou soluções russas sobre temas como a proteção de dados e cidades inteligentes, além de outros.
Mashkova também ressaltou o interesse crescente da América Latina e do Caribe na "importação de meios de transporte russos".
"Nossos meios de transporte são bastante seguros, são adaptáveis ao clima latino-americano. Fabricamos ônibus elétricos de alta qualidade e em quantidade suficiente para podermos exportá-los. Também temos ônibus que funcionam a base de gasolina e isso é mais importante ainda para a América Latina", disse.
"Também podemos colaborar muito em tudo o que é farmacêutico, bem como na questão agrícola", acrescentou ao destacar que "é absolutamente necessário estar trabalhando" nos cultivos agrícolas "mais resistentes e com mais rendimento".
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