O presidente dos EUA, Joe Biden, estaria planejando um possível pedido de "pronta execução" de ajuda à Ucrânia que seria tão grande que ele não precisaria buscar mais aprovações de financiamento do Congresso até as eleições de 2024, informou o The Telegraph no sábado (7).
O novo pedido de ajuda pode chegar a US$ 100 bilhões (cerca de R$ 514,8 bilhões), o suficiente para evitar contínuas controvérsias legislativas que possam impedir a candidatura de Biden à reeleição no próximo ano, disse o jornal britânico, citando pessoas familiarizadas com as discussões na Casa Branca. Se realizada, a proposta tornaria pequeno o pedido de financiamento de US$ 24 bilhões (aproximadamente R$ 123,5 bilhões) que os legisladores da Câmara dos EUA retiraram da lei provisória de gastos que aprovaram na semana passada para evitar uma paralisação do governo.
"A ideia do grande pacote é firmemente apoiada por muitos em toda a administração", disse a fonte ao jornal. "Os apoiantes da Ucrânia querem que este seja um grande projeto de lei, de pronta execução, e que só tenham de lidar com ele depois das próximas eleições."
A administração de Biden está lutando para encontrar formas temporárias de manter o fluxo de dinheiro e armas para Kiev, apoiando a luta da Ucrânia contra as forças russas, até que um importante projeto de lei de ajuda seja aprovado pelo Congresso. Por exemplo, um programa de subvenções do Departamento de Estado dos EUA poderia supostamente ser aproveitado para fornecer cerca de US$ 650 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões) em financiamento.
Funcionários da Casa Branca foram citados pela mídia como tendo dito que faltam apenas algumas semanas para um possível interregno no financiamento da Ucrânia, que segundo eles alertaram, poderia ter consequências devastadoras no campo de batalha.
Os legisladores republicanos têm se tornado cada vez mais críticos da política de Biden para a Ucrânia, com alguns deles argumentando que a ajuda maciça a Kiev está apenas prolongando o conflito sangrento à custa de prioridades internas maiores. O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, destituído de seu cargo de liderança no início da semana (3), a primeira destituição do Congresso na história dos EUA, supostamente depois que alguns de seus colegas republicanos ouviram que ele havia prometido a Biden um projeto de lei separado de ajuda à Ucrânia que seria submetido após a aprovação do financiamento provisório.
A administração Biden não deve decidir se vai propor um pacote de ajuda completo para a Ucrânia até um novo presidente da Câmara ser eleito, possivelmente na próxima semana, de acordo com a apuração do The Telegraph. A aprovação de uma lei de US$ 100 bilhões vai poder exigir que o presidente faça concessões aos republicanos conservadores em questões como a imigração ilegal.
A deputada norte-americana Lauren Boebert, uma das republicanas que tem criticado a política de Biden para a Ucrânia, sugeriu em uma entrevista na sexta-feira (6) que o novo presidente da Câmara pode ter de se comprometer a se opor a mais financiamento para Kiev. Ela observou que a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, alcançou a maioria e votou contra um projeto de ajuda de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) à Ucrânia na semana passada.
"Pela primeira vez, vimos que o financiamento da Ucrânia por si só não tem o apoio da maioria", disse Boebert ao apresentador de podcast americano Steve Bannon. "Qualquer orador tem de reconhecer isso e não permitir que mais financiamento para a Ucrânia chegue ao plenário. Estamos absolutamente cansados de gastá-lo."
O Congresso já aprovou quatro rodadas de financiamento à Ucrânia, totalizando cerca de US$ 113 bilhões (cerca de R$ 581,7 bilhões). O Pentágono alertou na semana passada (3) que tinha esgotado "quase todo o financiamento disponível para assistência de segurança à Ucrânia".