De acordo com o Financial Times (FT), a Estônia disse estar pronta para eventualmente se tornar um contribuinte líquido para o orçamento da União Europeia (UE) se a Ucrânia aderir ao bloco, e apelou a outros países-membros que começassem a trabalhar em suas reformas orçamentais para permitir a adesão de Kiev.
A UE pode adicionar até nove novos membros, incluindo a Ucrânia, nos próximos anos, como parte de uma mudança estratégica motivada pelo arranjo geopolítico liderado pelos EUA com o conflito ucraniano.
A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, disse que o país estava preparado para perder o acesso aos fundos de coesão — um montante de recursos financeiros com objetivo de ajudar os membros mais pobres a desenvolver as suas economias — "a longo prazo", não imediatamente.
De acordo com a apuração do FT, um estudo interno da UE estimou, na semana passada, que a Ucrânia teria direito a quase € 190 bilhões (cerca de R$ 965 bilhões) ao longo de sete anos sob a atual estrutura orçamentária, convertendo "muitos" países de beneficiários líquidos de fundos da UE em contribuintes líquidos.
A primeira-ministra da Estônia, disse que "não era ideal" que os Estados-membros vissem a UE simplesmente como um veículo para obter dinheiro, uma opinião ecoada por outros líderes europeus.
O vice-ministro da Economia da Ucrânia, Taras Kachka, disse na semana passada que entendia que a UE teria de realizar "uma reavaliação complexa" da sua Política Agrícola Comum (PAC), que subsidia os agricultores, antes de o país aderir ao bloco.
O estudo do conselho estima que a Ucrânia seria a maior beneficiária da PAC, com € 96,5 bilhões (cerca de R$ 489,2 bilhões) ao longo de sete anos, forçando cortes de cerca de 20% nos pagamentos aos atuais Estados-membros.
Kallas disse ainda que reformar as regras de financiamento e pagamento para se preparar para o alargamento do bloco "tem sido abordado muito levianamente e com muita delicadeza" pelos líderes até agora.