"Ainda é cedo para a mediação porque a maneira como o Hamas começou a guerra [contra] Israel ainda não terminou e vai terminar quando obtivermos as metas que temos que cumprir. […] Depois, vamos começar com uma mediação para ver de que maneira podemos continuar. Mas as coisas que tiveram antes não vão continuar, nem a possibilidade de o Hamas continuar a atacar Israel", declarou à agência.
Conforme o embaixador, o Hamas "vai pagar um preço" e a sociedade israelense vai se recuperar do choque. Antes do ataque-surpresa do movimento palestino, que conseguiu driblar o sistema antimísseis do país, as tensões já eram grandes na Cisjordânia. Uma ação do Exército de Israel em resposta a ataques a colonos judeus terminou com 12 mortes, a maior em 20 anos.
Membros do Hamas também levaram terror a Tel Aviv, quando oito pessoas ficaram feridas em um atropelamento. No último sábado (7), militares do Hamas provocaram centenas de mortes na parte sul de Israel, mesma data dos ataques por foguetes. Países como Rússia e Brasil têm pedido para que as duas partes estabeleçam um cessar-fogo e retornem à mesa de negociações.
'Palestinos reféns do Hamas'
Durante a entrevista, o embaixador Daniel Zohar Zonshine declarou que o povo palestino "infelizmente" vai pagar pelo preço da brutalidade e agressividade do Hamas.
"O povo palestino, que é refém nas mãos do Hamas, infelizmente vai pagar parte desse preço da brutalidade e da agressividade das opções do Hamas […]. A ideia de Israel não é atacar civis, ao contrário do método do Hamas. A ideia deles é atacar e matar civis", acentuou.
Segundo o diplomata, essa também não é uma guerra que Israel iniciou.
"Nós lamentamos esse assunto, e o fato é que o Hamas vem atuando por dentro de áreas povoadas, áreas residenciais, lançando foguetes contra Israel."
Zonshine ainda pediu uma postura mais firme do Brasil para que condene o que ele considera terrorismo por parte do Hamas.
"Os dias passam, e isso é tempo para mostrar de maneira bem clara a posição do governo do ponto de vista […] e de interesse humano […]", enfatizou à Agência Brasil.
Por fim, o israelense garantiu que a ideia do país sempre foi viver em paz com seus vizinhos. "Quero mencionar que, em 2005, Israel saiu completamente da Faixa de Gaza, e o Hamas, que está dominando lá quase desde esse tempo, escolheu investir os recursos para destroçar Israel. O dinheiro que eles recebem vai para atacar Israel, e não para construir escolas e hospitais", condenou.
A história do conflito entre Israel e Palestina
Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas votou a criação de dois Estados — um judeu e um árabe — na margem ocidental do rio Jordão, ao mesmo tempo em que Jerusalém manteria o status de zona internacional.
Em 14 de maio de 1948, Israel declarou sua independência. Imediatamente depois, Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque começaram uma guerra contra o Estado recém-formado.
Durante a Guerra dos Seis Dias (1967), Israel ocupou a Faixa de Gaza e a Cisjordânia (margem ocidental do rio Jordão), incluindo Jerusalém Oriental. Surgiram as colônias de judeus em terra palestina, levando ao deslocamento em massa de palestinos.
Após a Primeira Intifada (manifestação de resistência dos palestinos contra as autoridades israelenses nos territórios ocupados, que durou de 1987 a 1993), foi assinado o acordo de paz de Oslo. Foi um período de transição de cinco anos. Era para começar com a redistribuição de tropas israelenses da Faixa de Gaza e Cisjordânia e terminar com a determinação do status final dos territórios palestinos.
Em 1996, a Palestina realizou suas primeiras eleições, e Yasser Arafat, então líder da Organização para a Libertação da Palestina, foi eleito presidente da Autoridade Nacional Palestina.
Em 2002, em meio à Segunda Intifada ou Intifada Al-Aqsa, os Estados Unidos, a União Europeia, a Rússia e as Nações Unidas propuseram um plano de paz denominado Roteiro para a Paz. Previa a retomada das negociações, a resolução do conflito e o estabelecimento de um Estado independente palestino.
Em 2005, Israel, unilateralmente, sem qualquer acordo político, retirou-se completamente da Faixa de Gaza.
Em 25 de janeiro de 2006, eleições legislativas foram realizadas pela segunda vez. Duas organizações se destacaram: o Hamas ganhou a maioria dos assentos (80), enquanto o Fatah levou 43 assentos no Conselho Legislativo Palestino.
Em junho de 2007, houve um conflito militar na Faixa de Gaza entre as duas frentes. O Hamas assumiu o controle total do território de Gaza, depois de expulsar a maioria dos ativistas do Fatah (que não era mais governo).
As tensões escalaram mais uma vez, drasticamente, quando, em 2018, o então presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o reconhecimento de Jerusalém como a capital israelense e transferiu a Embaixada dos EUA para lá.
Em 29 de novembro de 2012, a Palestina recebeu o status de Estado observador nas Nações Unidas, evento que é amplamente considerado o reconhecimento de fato do Estado palestino pela comunidade internacional. Como resultado de ataques de foguetes a partir da Faixa de Gaza, Israel vem realizando operações contra a infraestrutura do Hamas desde 2008, tendo sido a última em maio de 2023. Países como Rússia e Brasil têm pedido às duas partes em conflito que cheguem a um cessar-fogo e retornem à mesa de negociações.