Depois que o Hamas lançou ataques contra cidades fronteiriças israelenses na semana passada, que mataram mais de 1.300 israelenses, as Forças da Defesa de Israel (FDI) declararam um cerco à Faixa de Gaza e desencadearam um bombardeio implacável que matou mais de 2.750 palestinos de acordo com os dados divulgados na segunda-feira (16) à noite.
Desde então, Biden também forneceu milhares de armas ligeiras a Israel e enviou dois grupos de ataque de porta-aviões para a região. Na segunda-feira, a mídia dos EUA informou que cerca de 2.000 soldados estadunidenses estavam prontos para ser enviados para Israel.
A pressa em fortalecer o Exército israelense surge em meio a uma luta política em Washington sobre a contínua ajuda militar dos EUA para a Ucrânia, que ultrapassa US$ 46 bilhões nos últimos dois anos. Agora, a questão é se os EUA podem apoiar não só a Ucrânia, mas também Israel.
O chefe da Casa Branca disse em entrevista ao canal de televisão CBS que "nós podemos cuidar de ambos [os conflitos] e ainda manter nossa defesa internacional geral".
"Se houver uma escolha, se tiver que ser um ou outro, o apoio provavelmente irá para o lado israelense", disse à Sputnik o consultor internacional e ex-coronel do Exército dos EUA Earl Rasmussen. "Ele está completamente errado", disse Rasmussen sobre Biden.
"Não há como apoiar dois – podemos gerar dinheiro e enviar mais dinheiro, eu acho, mas isso não vai fazer nenhum bem lá. E a Ucrânia é uma causa perdida", observou o coronel aposentado.
"Ele pode prometer isso ou o que quer que seja, mas conseguir o financiamento e entregar essas armas é outra história. Acho que seria muito difícil fazê-lo, especialmente se uma escalada ocorrer […]. O especialista acrescentou também que, enquanto as tensões estão em alta em torno de Taiwan e China, é muito improvável que Washington seja capaz de apoiar ambos os conflitos.
"Eu diria de uma perspectiva de financiamento […] nós gastamos tanto com a Ucrânia, estamos com tudo em falta, até enviamos para a Ucrânia munições que tínhamos armazenadas em Israel. Então penso que Israel está aparentemente tentando recuperar isso [as munições] que acho que não vão voltar. Portanto, estamos em uma posição enfraquecida e não vejo isso acontecendo. Eu diria que, de uma perspectiva prioritária, Israel terá prioridade sobre a Ucrânia. Ele tem uma importância mais estratégica para nós também", explicou o militar norte-americano.
Questionado sobre as capacidades do complexo militar-industrial dos EUA em meio a toda essa quantidade de armas fornecidas à Ucrânia e Israel, Rasmussen disse que a postura militar dos EUA "ficou consideravelmente mais fraca" desde fevereiro de 2022 "e que o país "vai ficar ainda mais enfraquecido e estressado".
"Não vejo que os EUA sejam capazes de realmente lidar com qualquer um [dos conflitos] com êxito – e certamente nunca com ambos", concluiu Rasmussen.