O veto de Washington foi motivado principalmente pelas eleições norte-americanas que acontecerão no ano que vem. Essa é a visão de diplomatas brasileiros ouvidos pelo jornal O Globo.
Segundo um integrante do governo brasileiro, a questão é que, não importa qual o formato do novo texto, há risco de os americanos rejeitarem a proposta em busca de protagonismo. A ida do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Tel Aviv comprovaria essa atitude de Washington, escreve a mídia.
Pesquisas recentes mostram que Biden corre o risco de perder a eleição para seu antecessor, Donald Trump. O presidente dos EUA considera importante o apoio incondicional a Israel, pois isso melhora a sua popularidade, de acordo com a mídia.
Ao mesmo tempo, Biden estaria em desvantagem em relação a Trump quando o assunto é o Oriente Médio. Um integrante do governo brasileiro lembrou à mídia que o republicano não começou uma guerra durante seu mandato e foi responsável pelos Acordos de Abraão.
Para pessoas ligadas ao Itamaraty e ao Palácio do Planalto, visto que o conselho ainda não se manifestou formalmente sobre os ataques mais de uma semana após acontecerem, o ônus da não aprovação do texto é dos Estados Unidos. Mesmo porque o Brasil contou com o apoio de 12 dos 15 membros do órgão.
Em Brasília, houve quem dissesse que os 12 votos podem ser considerados uma vitória para o Brasil, apesar da solução não ter sido aprovada, uma vez que a expectativa no Planalto era que o país conseguiria nove votos, que é o mínimo para aprovar uma resolução, desde que não haja vetos de membros permanentes.
O placar abriria caminho para estudar novas formas de reapresentar uma nova proposta enquanto o Brasil estiver na presidência do órgão. Reino Unido e Rússia se abstiveram e apenas os EUA vetaram.
Para o embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, desde o início, os Estados Unidos não estavam realmente interessados na resolução e só esperavam "torcer o número de braços necessários" para que o projeto de resolução não fosse aprovado sem o seu veto. Como isso acabou falhando, eles "tiveram que aparecer diante de todos nós sem máscaras", acrescentou Nebenzya.