Um áudio, divulgado pelo governo israelense se isentando de culpa, também foi manipulado, afirmaram os cientistas.
A organização não governamental divulgou seus resultados em sua conta no Twitter.
"A análise 3D mostra padrões de fragmentação radial no lado sudoeste da cratera de impacto, bem como um canal raso que conduz à cratera vindo do nordeste. Tais padrões indicam uma provável trajetória de projétil com origem no nordeste."
Os resultados foram independentemente verificados pelo especialista em armas e explosivos, Chris Cobb-Smith, que concordou com a direção de origem do míssil apontada pela Forensic Architecture (FA). "A direção do lado do perímetro de Gaza controlado por Israel – e não do oeste, como afirma o Exército israelense".
As análises do tamanho da cratera, feitas tanto por Cobb-Smith, quanto pela FA, também dão indícios de uma origem israelense para o míssil. A análise do tamanho da cratera sugere uma munição maior do que, por exemplo, um míssil Spike ou Hellfire comumente usado por drones das FDI.
É mais consistente com as marcas de impacto de um projétil de artilharia – mas sem evidências materiais adicionais, não podemos fazer uma avaliação definitiva.
Áudio divulgado por Israel foi manipulado
A ONG também divulgou dados de uma organização parceria Earshot, que trabalha com análises de áudios, desde padrões de fala a gravações balísticas.
A conclusão de ambos é que o áudio divulgado pelas Forças de Defesa de Israel, em que dois militantes do Hamas aparecem admitindo que o míssil que atingiu o hospital Batista Al-Ahli pertencia à Jihad Islâmica, foi manipulado, logo não tem credibilidade.
"Quando as chamadas são interceptadas, espera-se que sejam gravações monofônicas únicas com ambas as vozes no mesmo canal de áudio. O que é incomum nesta suposta chamada interceptada é que temos as vozes divididas em dois canais", afirmou a ONG
O fato desta gravação ser composta por dois canais distintos demonstra que as duas vozes foram gravadas de forma independente. Estas duas gravações independentes foram então editadas em uma só.
Ainda que a análise de áudio feita pela ONG não possa determinar que o diálogo é falso, a opinião da ONG é que o "nível de manipulação necessário para editar estas duas vozes em conjunto desqualifica-o como fonte de provas credíveis."
Em uma reportagem do canal televisivo britânico, Channel 4, especialistas em árabe também jogaram dúvidas na gravação divulgada pelas FDI, afirmando que o tom e a linguagem não é compatível com os habitantes de Gaza.
Israel tem histórico de mentiras
Em seu texto, a Forensic Architecture afirmou que as Forças de Defesa de Israel tem um longo histórico de divulgação de informações falsas e enganosas depois de matar civis. É o caso dos casos analisados pela FA do assassinato de Shireen Abu Akleh, e o bombardeio do edifício Al-Katibah.
No caso do hospital Al-Ahli, Israel afirmou que "as FDI não atingem hospitais". No entanto, a só a Organização Mundial da Saúde reportou 59 ataques israelenses a provedores de saúde em Gaza desde 7 de outubro.