O analista internacional e especialista em comunicações Orlando Romero comentou a situação em entrevista à Sputnik.
"Acredito que o cenário eleitoral para as primárias […] tentará ter um candidato ou uma pessoa que, mais ou menos, seja capaz de reunir as forças dispersas da oposição em uma disputa eleitoral concorrida", enfatiza.
A garantia do processo eleitoral à oposição foi o motivo de os Estados Unidos terem retirado sanções contra o petróleo, o gás e o ouro da Venezuela. Os embargos a Caracas estavam em vigor desde 2019.
Além disso, Washington pediu em troca do fim das sanções a liberação de presos políticos e que caia a proibição à candidatura de políticos.
Para garantir que o governo Maduro honre os compromissos assumidos, as transações com empresas venezuelanas de petróleo e gás serão autorizadas por seis meses, com a possibilidade de renovação.
Mais de 21 milhões de eleitores
Conforme o governo venezuelano, a Comissão Nacional Primária (CNP), que organiza o processo eleitoral, informou que serão mais de 3 mil centros de votação espalhados em 331 dos 335 municípios do país. Ao todo, podem votar 21 milhões de pessoas.
A candidata da oposição favorita no pleito, María Machado, foi tornada inelegível por 15 anos pela Corregedoria-Geral da Venezuela por conta de irregularidades administrativas na época em que era deputada, entre 2011 e 2014. Além disso, a Justiça local diz que Machado apoiou as sanções americanas contra o próprio país.
Inicialmente estavam inscritas nas primárias 13 candidaturas, porém apenas 9 vão poder participar. Além de María Machado, deixaram a disputa Roberto Enríquez, Henrique Capriles e Freddy Superlano.
Lula comemora fim das restrições
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, comemorou o anúncio do fim das sanções americanas ao país após mais de quatro anos.
Para Lula, a questão prejudica a população venezuelana e contribui para desestabilizar toda a região.
"Recebi com satisfação a notícia de que o governo dos EUA retirou sanções contra Venezuela depois que o governo e a oposição venezuelana assinaram um acordo para eleições justas no ano que vem", disse no X, antigo Twitter.
De acordo com Lula, a medida vai ajudar a normalizar a política do país. "Sanções unilaterais prejudicam a população dos países afetados e dificultam processos de mediação e resolução de conflitos", acrescentou.
Para especialista, interesse é 'momentâneo'
Em entrevista à Sputnik Brasil no início do mês, o professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) e coordenador do Observatório da Política Externa Brasileira, Gilberto Maringoni, disse que a estratégia americana para derrubar o governo de Maduro mudou 'pelo menos momentaneamente'. Isso por conta do interesse no petróleo venezuelano, principalmente depois das sanções contra a Rússia.
"Washington não conseguiu derrubar Maduro por uma variável que eles não calculavam. Com todos os problemas, Maduro tem, de fato, apoio interno significativo. Não é só um apoio popular", disse.