Os Estados Unidos realizaram testes nucleares subterrâneos no estado de Nevada, onde historicamente costumam realizar essas ações. Segundo o Departamento de Energia dos EUA, a explosão teve como objetivo "melhorar a capacidade do país de detectar explosões nucleares de baixo rendimento em todo o mundo".
Os testes americanos aconteceram no mesmo dia em que a Duma, casa baixa do poder legislativo russo, adotou uma lei que revoga a ratificação do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT, na sigla em inglês). A matéria agora seguirá para o Conselho da Federação, câmara alta do parlamento, onde deve ser discutida no dia 25 de outubro.
"Os testes em Nevada, por um lado, foram simbólicos. Ao mesmo tempo, o que aconteceu é uma das manifestações da emergente corrida armamentista nuclear entre os EUA e a Rússia. O conflito direto entre Washington e Moscou levará quase inevitavelmente ao uso de armas nucleares com a destruição mútua garantida das partes", observou Sivkov.
Além disso, o especialista não descartou que os testes nucleares bem-sucedidos da Rússia e dos Estados Unidos poderiam eventualmente servir como um impedimento, pois seriam uma prova clara da perspectiva real da destruição mútua das duas potências.
Sivkov ressaltou que a liderança militar dos Estados Unidos deve transmitir essa ideia ao seu establishment político.
O especialista militar também expressou a opinião que a agenda nuclear está ativada em caso de crescimento de tensão em todo o mundo, e devido à ameaça real do uso real de armas nucleares, inclusive no Oriente Médio.
"Nessas circunstâncias [tensões crescentes] a Rússia deve estar confiante de que suas armas nucleares em seus arsenais estão operacionais – e os EUA querem ter certeza disso. Para fazer isso, os Estados também precisarão, mais cedo ou mais tarde, passar da simulação de computador para testes reais", disse o especialista.
Ao mesmo tempo, o interlocutor da agência observou que, no futuro, se a situação no mundo estabilizar, a Rússia poderá retornar ao CTBT, mas somente se os Estados Unidos o ratificarem.
O CTBT foi assinado na ONU em 1996. No entanto, vários países, incluindo os Estados Unidos, ainda não o ratificaram em seus Parlamentos, ao contrário da Rússia, que o fez em 2000. Ao mesmo tempo, os países que possuem armas nucleares assumiram compromissos voluntários de não realizar tais testes.
Em março, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Ryabkov, observou que a situação em torno do CTBT causa preocupações crescentes devido às ações dos EUA, que realiza testes nucleares constantemente.