O Egito convocou uma cúpula hoje (21) com líderes árabes no Cairo para tratar do conflito entre Israel e Palestina, mas o encontro não resultou em qualquer acordo, segundo a Reuters.
O governo egípcio esperarava que os participantes apelassem à paz e retomassem os esforços para resolver a busca palestina de décadas por um Estado, relata a mídia.
Porém, os diplomatas presentes não estavam otimistas quanto a um avanço uma vez que Israel está preparando sua invasão terrestre de Gaza com o objetivo de exterminar o Hamas. Enquanto Estados árabes e muçulmanos apelaram ao fim imediato da ofensiva de Israel e o cessar-fogo, países ocidentais manifestaram em sua maioria objetivos mais modestos, como a ajuda humanitária aos civis, escreve a mídia.
A França apelou à criação de um corredor humanitário para Gaza que, segundo ela, poderia levar a um cessar-fogo. O Reino Unido e a Alemanha instaram os militares israelenses a mostrarem moderação e a Itália disse que era importante evitar escalada.
Os Estados Unidos, aliado mais próximo de Israel, apenas enviaram o seu encarregado de negócios do Cairo, que não discursou na reunião em público.
O rei Abdullah da Jordânia denunciou o que chamou de silêncio global sobre os ataques de Israel, que mataram milhares de pessoas na Faixa de Gaza e deixaram mais de um milhão de desabrigados, e apelou a uma abordagem imparcial ao conflito israelo-palestino, afirma a mídia.
"A mensagem que o mundo árabe está a ouvir é que as vidas palestinas importam menos do que as israelenses", disse ele, acrescentando que estava indignado e triste com os atos de violência perpetrados contra civis inocentes em Gaza, na Cisjordânia ocupada e em Israel.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse três vezes que os palestinos não seriam deslocados ou expulsos de suas terras: "Não iremos embora, não iremos embora", afirmou.
Os Estados árabes temem que a ofensiva possa expulsar permanentemente os residentes de Gaza das suas casas até mesmo para os estados vizinhos - como aconteceu quando os palestinos fugiram ou foram forçados a abandonar as suas casas na guerra de 1948, após a criação de Israel.
Israel prometeu varrer o Hamas "da face da terra" devido ao ataque chocante de 7 de outubro, o ataque militante palestino mais mortal nos 75 anos de história de Israel.
Tel Aviv instou os palestinos a se deslocarem para sul dentro de Gaza para sua própria segurança, embora a faixa costeira tenha apenas 45 quilômetros de comprimento e os ataques aéreos israelenses também tenham atingido o sul.
O Egito teme a insegurança perto da fronteira com Gaza, no nordeste do Sinai, onde enfrentou uma insurreição islâmica que atingiu o seu pico depois de 2013 e que foi agora amplamente reprimida.
A Jordânia, lar de muitos refugiados palestinos e de seus descendentes, teme que uma conflagração mais ampla dê a Israel a oportunidade de expulsar em massa os palestinos da Cisjordânia. O rei Abdullah disse que o deslocamento forçado "é um crime de guerra de acordo com o direito internacional e uma linha vermelha para todos nós".
A Rússia enviou o vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, que reforçou a necessidade urgente de chegar a um acordo para acabar com o conflito.
Pouco antes da abertura da cimeira, caminhões carregados com ajuda humanitária começaram a entrar na passagem de Rafah para Gaza.