Neste sábado (21), os primeiros 20 caminhões foram enviados para o território através da fronteira com o Egito, por conta de um acordo com Israel e Estados Unidos. Mesmo assim, a região foi alvo de ataques horas depois: segundo a agência de notícias palestina WAFA, pelo menos dez pessoas morreram após bombardeio aéreo a um café em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.
"Estamos negociando isso agora, que talvez possamos ter um comboio amanhã [domingo], talvez até um pouco maior, com 20 a 30 caminhões", informou o chefe de ajuda da ONU, Martin Griffiths, à Al Arabiya News.
Rafah é a única rota de entrada e saída de Gaza que não é controlada por Israel. Porém, o posto ficou fechado por conta dos ataques israelenses, que impediram a entrada da ajuda humanitária por 14 dias. Anteriormente, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a ajuda só seria autorizada depois que o Hamas libertasse os cerca de 200 reféns capturados no dia 7 de outubro.
"É extremamente importante que não haja lacunas na ajuda que atravessa a fronteira", acrescentou Martin Griffiths. Por conta do bloqueio total, Gaza enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, com estoques de alimentos perto do fim. Além disso, a população de quase 2,3 milhões de pessoas está sem energia elétrica. Quase 80% já vivia em situação de pobreza antes da guerra.
Conforme o chefe de ajuda da ONU, um dos principais impasses com as Forças de Defesa de Israel é com relação às inspeções dos caminhões, que visam evitar a chegada de armas com destino ao Hamas.
"É uma discussão difícil, mas justa, com os israelenses sobre um regime de verificação [...] Precisamos, a partir de amanhã, estabelecer um sistema de inspeção leve, eficiente e, esperançosamente, aleatório que não prejudique o andamento das coisas", declarou.
A ONU ainda pede que o fornecimento de água aos hospitais do território seja regularizado.
"O sistema de saúde está em colapso. A água está se esgotando. As pessoas estão falando em beber água suja", pontuou Griffiths.
Cúpula da Paz termina sem acordo
Mais cedo, a Cúpula da Paz que reuniu lideranças e representantes de quase 20 países no Cairo, capital do Egito, terminou sem acordo. A principal preocupação é sobre como evitar uma guerra regional mais ampla, porém houve dificuldade de se chegar a um consenso entre Estados árabes e países ocidentais.
O governo egípcio esperava que os participantes apelassem à paz e retomassem os esforços para resolver a busca palestina de décadas por um Estado, relata a mídia.
Porém, os diplomatas presentes não estavam otimistas quanto a um avanço, já que Israel está preparando sua invasão terrestre a Gaza com o objetivo de exterminar o Hamas. Ao todo, já foram mobilizados mais de 360 mil reservistas.
Enquanto Estados árabes e muçulmanos apelaram ao fim imediato da ofensiva de Israel e ao cessar-fogo, países ocidentais manifestaram em sua maioria objetivos mais modestos, como a ajuda humanitária aos civis.